Vai animada a troca de comentários entre João Miguel Tavares no Público e Ferreira Fernandes no Diário de Notícias. Era destas polémicas que antigamente, muito antigamente, se animavam os jornais e se aumentava a sua circulação. Eu já sou de um tempo posterior, em que os polemistas de vanguarda eram figuras como Eduardo Prado Coelho, que faziam a festa, deitavam os foguetes e corriam atrás das canas por entre citações eruditíssimas de Jacques Derrida (quem?! ) e o desinteresse geral dos leitores. De há muito que já ninguém segue as polémicas com a elevação do antigamente em que as questões metafísicas mais divisivas podiam ser decididas em duelos esgrimidos ou à pistola. As polémicas da actualidade são vistas com a linearidade de um combate de boxe: quem é que arreia e quem é que encaixa. E com um defeito notável em relação ao combate de boxe: a transparência do que está a acontecer no ringue. No boxe, quando se enfarda, enfarda-se, não se consegue aparecer ao terceiro assalto a fingir que o que o contendor nos disse não nos beliscou, como o tentou fazer hoje João Miguel Tavares... No boxe, há sempre uma prova física, um KO técnico, um olho negro, a demonstrar que uma das partes saíu pior da situação. Não há disfarce possível. Nestas polémicas pode-se disfarçar e, para ajudar, há sempre os amigos do derrotado para o consolar: Ele deu-te com força mas tu chegaste para ele, pá!
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