Geralmente gosto do que Rui Tavares escreve. Descobri ontem, quando a SIC Notícias o convidou para analisar o momento das primárias democratas, que ele também se sai muito bem em televisão. Por sair-se bem entenda-se que me estou a referir ao aspecto formal da argumentação que emprega quando defende as suas ideias. Porque em termos de distanciamento e imparcialidade quanto aos protagonistas do fenómeno que analisa, Rui Tavares tem tópicos em que é um bom discípulo da escola de análise Luís Delgado…
Barack Obama é o candidato presidencial norte-americano de Tavares e substancial, que não formalmente, a atitude de ontem do analista para com o seu candidato escolhido fez-me lembrar aquele lema da época de Salazar quanto à atitude para com nação: tudo por ela, nada contra ela… Assim, pela descrição do tudo por Obama, nada contra Obama de Rui Tavares ontem, Obama soou a um depositário de todas as esperanças mundiais – incluindo, parece que acessoriamente, as de alguns norte-americanos…
Só que, ao contrário dos pecados de Luís Delgado, que considero um irrecuperável quanto à obtusidade do seu maniqueísmo, creio que são as simpatias em excesso que fazem turvar a lucidez das normalmente mais objectivas análises de Rui Tavares. Nelas, ao contrário das suas conclusões de ontem, a forma e o fundo não se costumam confundir. Se, como afirmou, o estilo de campanha de Obama se distingue do clássico só o optimismo lhe permite extrapolar que a sua hipotética actuação com presidente também será assim.
É que em Janeiro de 2009, seja quem for que tenha vencido as eleições presidenciais de Novembro anterior, o descomunal legado de George W. Bush há-de ser o maior constrangimento das primeiras iniciativas de quem vier a ser o seu sucessor. E, ao contrário do que se pode deduzir do que ouvi ontem a Rui Tavares, os interesses essenciais da sociedade que acabou de eleger o novo presidente permanecerão essencialmente os mesmos e é a eles que mesmo Obama terá que responder. Desejar diferente é bonito, mas não é sóbrio.
Barack Obama é o candidato presidencial norte-americano de Tavares e substancial, que não formalmente, a atitude de ontem do analista para com o seu candidato escolhido fez-me lembrar aquele lema da época de Salazar quanto à atitude para com nação: tudo por ela, nada contra ela… Assim, pela descrição do tudo por Obama, nada contra Obama de Rui Tavares ontem, Obama soou a um depositário de todas as esperanças mundiais – incluindo, parece que acessoriamente, as de alguns norte-americanos…
Só que, ao contrário dos pecados de Luís Delgado, que considero um irrecuperável quanto à obtusidade do seu maniqueísmo, creio que são as simpatias em excesso que fazem turvar a lucidez das normalmente mais objectivas análises de Rui Tavares. Nelas, ao contrário das suas conclusões de ontem, a forma e o fundo não se costumam confundir. Se, como afirmou, o estilo de campanha de Obama se distingue do clássico só o optimismo lhe permite extrapolar que a sua hipotética actuação com presidente também será assim.
É que em Janeiro de 2009, seja quem for que tenha vencido as eleições presidenciais de Novembro anterior, o descomunal legado de George W. Bush há-de ser o maior constrangimento das primeiras iniciativas de quem vier a ser o seu sucessor. E, ao contrário do que se pode deduzir do que ouvi ontem a Rui Tavares, os interesses essenciais da sociedade que acabou de eleger o novo presidente permanecerão essencialmente os mesmos e é a eles que mesmo Obama terá que responder. Desejar diferente é bonito, mas não é sóbrio.
É o eterno problema do "Wishful Thinking" que leva as pessoas a tomarem posições maniqueístas.
ResponderEliminarAté eu que não sou, nem por sombras, analista político me deixo contagiar ainda que (julgo)moderadamente.
Já agora, é capaz de me sugerir um opinador que se "diferencie" pela diferença?
Em política internacional (era o tema que Rui Tavares estava a tratar) um opinador que já aqui elogiei pela profundidade do seu trabalho é Jorge Almeida Fernandes.
ResponderEliminarHá é que comprar o Público de Domingo porque ele não "dá" na Televisão.
Em televisão, apesar de Luís Costa Ribas (SIC) ser assumidamente democrata, "controla-se" normalmente muito melhor no facciosismo do que Rui Tavares o fez anteontem.
É que eu divirto-me imenso a ver o Jon Stewart mas há que se ter em conta que "aquilo" é só "metade" da América.
Podemos não simpatizar com eles mas George W. Bush recebeu 50 milhões de votos em 2000 e 62 milhões em 2004... Há que contar com eles nas análises políticas.
Luís Delgado tem uma visão estreita, tão maniqueísta que se pode definir pela expressão que repete mil vezes, "ponto de vista".
ResponderEliminarVista curta...
Luís Delgado defende frequentemente posições minoritárias mas o que nele impressiona é forma como costuma ser tão canhestro na forma como o faz. Ouço-o e penso como Pedro Santana Lopes pode ser assim tão "castigado" por um simpatizante incondicional.
ResponderEliminarO único mistério é a razão porque, com todos aqueles "predicados", o continuam a convidar para "aparecer", quando há naquela área ideológica quem consiga expor muito melhor as suas opiniões.