27 maio 2008

O DIMINUTO VÍTOR MANUEL III

Segunda uma história, provavelmente apócrifa como costumam ser as histórias daquele mesmo género, as necessidades indispensáveis para o desempenho da função régia que Humberto I, Rei de Itália (1878-1900), transmitiu ao seu filho e sucessor (abaixo) Vítor Manuel III (1900-1946) eram saber assinar o nome, ler um jornal e montar a cavalo.
Atribuída a um rei considerado antipático e impopular (morreu assassinado), a frase também sintetiza a abordagem um pouco displicente com que parecia ser encarada o desempenho da função régia entre os titulares da Casa de Sabóia*. Só com Vítor Manuel III se terá apercebido dos perigos que correriam se fossem monarcas pouco aplicados e impopulares.
Mesmo depois da perda dos seus poderes para órgãos executivos, os novos tempos pareciam criar novas exigências aos monarcas, inclusive, depois do aparecimento da fotografia e do filme, que se adoptassem outros cuidados com o tratamento da imagem real, aspecto onde Vítor Manuel III apresentava um problema importante: era muito baixinho!
Sem chegar a ser um segredo de estado, a sua estatura era uma informação cuidadosamente classificada: 1 m 54 cm (supõe-se). O que tornava embaraçosas as fotografias em que ele aparecia acompanhado dos seus homólogos (acima, acompanhando Alberto I da Bélgica), dando da Itália uma imagem diminuta, nada consentânea com as suas aspirações nacionais...
Mas, pior que o problema das fotografias protocolares, era o problema das fotografias familiares, porque Vítor Manuel III casara com uma imponente princesa montenegrina, Helena, cuja altura era outra informação cuidadosamente classificada, mas que era uns bons 26 cm mais alta do que o marido (vejam-se abaixo os reis** na tribuna, com Hitler e Mussolini)
Ao longo de 46 anos de reinado as fotografias e quadros oficiais de Suas Majestades italianas (abaixo) apresentavam-nas sempre com a Rainha sentada e o Rei em pé, escondendo por detrás dessa cortesia o palmo e meio de diferença de alturas que os separava, um facto que, mesmo conhecido de todos, apenas era sussurrado e só lhes granjeava ainda mais popularidade…
E por falar em poses assim encenadas, vale a pena recordar que o mesmo problema se colocou em Portugal (e a mesma solução foi adoptada, como se pode ver na fotografia abaixo) para com o casal Carlos I de Bragança e Amélia de Orleães, muito embora a diferença de alturas fosse menor*** e a corpulência do Rei português a ajudasse a disfarçar…
* Casa Real Italiana.
** Note-se como até o pequeno Joseph Goebbels (1 m 65 cm), imediatamente por detrás do Rei é maior que ele.

*** Ao contrário do casal real italiano, o problema era apenas causado pela estatura anormal da Raínha (1 m 82 cm!).

4 comentários:

  1. Saber assinar o nome e ler um jornal, ainda vá que não vá, agora montar a cavalo, só se fosse no carrocel dos pequeninos...

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  2. Interessantíssimo. Sabe que ao ler o post dei por mim a pensar em muito mais coisas do que a estatura dos protagonistas? Obg!
    :)

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  3. os homens (e as mulheres também)não se medem aos palmos. O problema de Vítor Emanuel III é que me parece(pelo pouco que sei dele)que era diminuto em tudo. Eu até nem sei se lia o jornal...

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  4. Trata-se de um pormenor de pouca relevância para a História mas que creio que confere profundidade humana aos seus intervenientes.

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