Eu percebo que
as informações que enquadrem a luta política que se está a travar na Birmânia possam não ser realmente muito atraentes para o público em geral. Já é menos aceitável que jornalistas
escrevam artigos de opinião a respeito do Líbano
contendo erros grosseiros sem depois se retractarem, mas enfim,
serão pequenos detalhes e, como se vê pela
sua produção de hoje no mesmo jornal no mesmo local, o
distinto jornalista até consegue produzir uma prosa - neste caso o assunto é o terramoto na China - que, quanto à
densidade da informação contida,
flutuaria em cima de azeite. Eu bem sei que
aquilo pretende passar por artigos de opinião, mas pergunto-me que
outros predicados terá Manuel Queiroz para se justifique darem-lhe aquele relevo no
Diário de Notícias?

Numa contrapartida renhida, um dos seus concorrentes –
Público – resolveu ontem pegar num episódio em que o 1º Ministro, o Ministro da Economia e mais não sei quantos membros da comitiva que os acompanhavam à Venezuela estiveram a fumar num voo em que isso era expressamente proibido. É obviamente
grave,
muito grave! Significativamente, os jornalistas daquele jornal que acompanham a comitiva durante a visita de Sócrates à Venezuela conseguiram produzir dois artigos ontem:
um, contendo 880 palavras sobre as perspectivas da visita que se irá realizar, e
o outro (presumivelmente muito
mais interessante!)
apenas com 790 palavras descrevendo todas as deambulações dos fumadores durante o voo e incluindo o
número preciso de cigarros fumados por José Sócrates!…

Para quem pense que ainda possa existir aquilo que antigamente era designado pela expressão francesa
fait divers fique a saber que o mesmo jornal retoma o assunto hoje de forma ainda mais aprofundada e desenvolvida: são 1360 palavras e um título que não deixa lugar a dúvidas –
Constitucionalistas dizem que José Sócrates violou Lei do Tabaco. Há qualquer coisa de absurdo, e não apenas no jornalismo, nesta adição das opiniões de Jorge Miranda e de Vital Moreira que se prestam a
dar mais colorido a este verdadeiro
carnaval noticioso que confirma os traços de carácter desagradáveis de José Sócrates. Coisa que, os que gostam de andar informados, já de há muito conhecem. Dúvidas, só as havia (e só para alguns) quanto à utilidade que Belmiro de Azevedo dá à posse do
seu jornal e essas desapareceram...
Adenda: Para que o
carnaval noticioso acabasse numa
quarta-feira de cinzas apropriada, o que faltava mesmo era que José Sócrates aparecesse
em penitência:
aí está ele!
Em tempo de guerra morna vão tendo lugares as manobras -de diversão, para evitar que ela aqueça.
ResponderEliminarÉ dos livros.
Já a guerra/vingança do Belmiro serve-se fria.
E nada de mais interessante se passa no mundo!
ResponderEliminarTambém não é certo que as pessoas estejam receptivas às coisas importantes. É que estas, normalmente, são também preocupantes e provocam alguma ansiedade e necessidade de reagir. portanto, nada melhor que uma noticiazinha anestésica, com cheirinho a nicotina para ir embotando os sentidos...
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