
Além de ter sido um notável cientista alemão, distinguido com o Prémio Nobel da Química em 1944,
Otto Hahn foi também o nome escolhido para baptizar um dos raríssimos navios civis propulsionados a energia nuclear (acima). Houve quatro navios daquele género (além dos quebra-gelos, num grupo distinto): um norte-americano (
Savannah - 1962), um alemão (da antiga Alemanha Federal,
Otto Hahn - 1968), um japonês (
Mutsu - 1990) e um soviético (hoje russo,
Sevmorput - 1988). Não deixa de ser curioso que nesta lista constem dois países vencidos da Segunda Guerra Mundial, que nas décadas imediatas ao conflito sofreram de restrições várias no acesso à investigação nuclear…

É verdade que o grosso do financiamento para as pesquisas sobre propulsão nuclear em navios tiveram origem nos orçamentos militares das duas superpotências. Mesmo aí, os custos associados à construção e exploração de navios que fossem propulsionados a energia nuclear, faziam com que a sua aplicação se limitasse, pelas óbvias vantagens militares
*, aos
submarinos e (apenas no caso dos norte-americanos) às grandes unidades de superfície como os
porta-aviões e os
cruzadores. Em termos puramente económicos, a construção de um navio de carga ou de passageiros assim propulsionado tornava-se absurda: cerca de 60% dos custos de construção do
Savannah foram gastos no reactor nuclear…

Se os resultados da exploração económica de um navio desses eram, logo à partida, um desastre com tendência para se agravar
**, projectos como o do
Otto Hahn apenas se compreendem como projectos pilotos, para que os próprios países testem e saibam dominar a tecnologia da propulsão naval recorrendo à energia atómica para uma qualquer eventualidade futura. Excepcionalmente, na União Soviética que até era
imune às leis de mercado, descobriram-se as vantagens comparativas dos
navios quebra-gelos (abaixo o
Yamal) com propulsão nuclear de que construiram alguns. Nos mares gelados do Árctico e do Báltico a alternativa económica coloca-se entre romper os gelos ou não navegar de todo…
* Pelas capacidades dos submarinos permanecerem submersos, pela discrição dos seus motores (crucial: debaixo de água os submarinos são detectados pelo som) e pela sua autonomia acrescida.
** Para redução dos custos de exploração, as tripulações da marinha mercante vieram a perder qualficações de há 50 anos para cá (contratando marinheiros de países do terceiro mundo, por exemplo), enquanto um navio nuclear continua a obrigar-se a possuir uma tripulação muito qualificada e, por isso, cara.
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