Normalmente eu não presto grande atenção aos casos do futebol. Deixo a exuberância de como os assuntos são tratados encarregar-se, por si, de os fazer transbordar do seu habitat natural para outras paragens mais civilizadas, quando as questões, por alguma razão, o justificam. Foi assim que descobri os dramas da destituição de um presidente descompensado ou as facécias - por sinal, muito cómicas - de uma altercação entre dois paineleiros. Mas já reparei que o escândalo, dito das toupeiras, que já há quase seis meses envolve o Benfica, não se presta à essa cenografia tradicional. Deve ser coisa séria, para que tanto se evite falar dele. É interessante, chega a ser engraçada, a delicadeza como a comunicação social especializada (com excepção da descaradamente afecta ao Futebol Clube do Porto) está a pegar no assunto (ou metaforicamente, pega no bicho, a toupeira...). Informativamente, em muitos sítios cumprem-se os serviços mínimos. Por uma vez, a divulgação das teses da defesa sobrepõe-se à tese da acusação do Ministério Público. E, naquela encruzilhada ética entre a aplicação da Justiça, doa ela a quem doer, e a perspectiva comercial de agradar àquilo que se presumem ser os sentimentos maioritários do seu público cativo, a comunicação social especializada faz as suas opções.
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