20 de Setembro de 1968. Um Boeing 720 da Eastern Airlines (como o da fotografia acima), que fazia a ligação entre San Juan de Porto Rico e Miami nos Estados Unidos, levando 53 pessoas a bordo, é desviado por um dos passageiros para Havana em Cuba. Se observarmos o mapa das Caraíbas e o trajecto do voo (a azul) constatar-se-á como o pirata do ar foi consciencioso, escolhendo uma ligação cujo desvio (a vermelho) provocasse o menor incómodo aos seus companheiros de viagem. A prática de desviar um avião para ir para Cuba parecia estar a banalizar-se. Depois de apenas três episódios em 1967, o desvio do voo 950 da Eastern Airlines já era o 13º desvio do género que ocorria em 1968, contando apenas aqueles em que o destino escolhido pelos sequestradores fora a capital cubana. Se já se percebera qual era a tendência da moda para a temporada daquele Outono/Inverno, ainda não se sabia que, até ao final daquele ano de 1968, registar-se-á um total de 24 desvios para Cuba, a uma média de dois por mês, e que, no ano seguinte (1969), essa média mensal subirá ainda para os três desvios (34 no total). Se as jovens gerações posteriores passaram a sublimar a sua busca pelo prazer da adrenalina em práticas como a do «bungee jumping», a geração jovem de há cinquenta anos misturava a coisa com uma capa diáfana de militância política. Não era difícil viajar para Cuba mas desviar um avião comercial para o fazer era toda uma outra emoção, uma afirmação política para uma audiência de milhões. Numa época em que também se tornara moda inventar slogans turísticos irónicos - Visite a União Soviética antes que a União Soviética o venha visitar a si!, em homenagem à invasão da Checoslováquia que acabara de ter lugar - esta outra prática de sequestrar aviões para chegar a um destino que era perfeitamente acessível também era passível do seu slogan irónico: «Conheça Cuba de uma forma radical: desvie o seu avião para lá chegar!»
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