26 setembro 2018

A FALSA «MASKIROVKA» ESPACIAL ou O «DISCO VOADOR» QUE NEM OS RUSSOS PRETENDERAM QUE O FOSSE

A Zond-5 foi uma missão espacial soviética de uma semana que, entre 14 e 21 de Septembro de 1968, realizou o primeiro voo circumlunar complementado com o regresso e a amaragem posterior da nave na Terra. Foi um feito pioneiro que, à época, reavivou o entusiasmo com que então se acompanhava a corrida espacial entre norte-americanos e soviéticos e a façanha última de se ser o primeiro a chegar à Lua. Mas a questão que me importa lembrar aqui tem mais a ver com a forma como se noticiava o feito do que com o feito propriamente dito. A edição de 26 de Setembro de 1968 do jornal acima informava os seus leitores que "A forma da «Zond 5» lembra(va) um «disco»". Ora, se os responsáveis do programa espacial soviético se costumam mostrar sempre muito mais «opacos» do que os seus homólogos americanos a respeito das informações que disponibilizavam sobre as suas actividades, pode dizer-se hoje com toda a segurança que o formato da Zond 5 não fora mais um dos inúmeros segredos do programa espacial soviético.
Como exemplo contrastante, pode assegurar-se que, nem sobre tortura, a agência TASS confessaria que o local da amaragem da Zond em pleno Oceano Índico resultara de um plano de contingência, já que a aterragem em território soviético (como estivera previsto e como era, de resto, tradicional em todos os retornos à Terra das naves espaciais soviéticas) se tornara impossível devido a desvios na rota circunlunar que fora originalmente concebida. Nunca se assumiam complicações de navegação porque, naquela corrida, era tabu assumir erros que pudessem ser mascarados. Porém, é seguro que, entre as maskirovkas espaciais dos soviéticos, não se contava transformar a Zond 5 num «disco voador» (por esta vez de concepção humana...). Detecta-se, aliás, neste episódio de há precisamente cinquenta anos uma criatividade verdadeiramente capitalista ocidental, posteriormente desmentida pelas fotografias da assemblagem da Zond 5 (acima) e da sua recuperação em pleno Oceano Índico (abaixo). É muito difícil confundir aquela cápsula com um «disco»...

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