09 setembro 2018

MORREU O CAMARADA MAO TSE TUNG

9 de Setembro de 1976. A morte do camarada Mao Tse Tung do outro lado do Mundo afigurava-se acontecimento suficientemente trágico para que um grupo de discípulos seus afixasse um cartaz em jeito de exéquias à esquina da Praça do Saldanha em Lisboa. Portugal, que não tinha vivido a tragédia ridícula da morte de Estaline em 1953 por viver em ditadura, tinha finalmente direito a esta versão tardia e ainda mais marginal e exógena do mesmo disparate de chorar, como nossos, líderes alheios. Diga-se, ainda a propósito dos cultos de personalidade e do bom humor que grassava nesses bons velhos tempos, que esta recuperação recente e benévola da figura de Arnaldo Matos parece esquecer que o "grande educador da classe operária" e a organização de que ele foi (é) dirigente máximo, o MRPP, terão sido os exemplos organizativos mais precoces daquilo que se veio a consolidar no monolitismo das seitas religiosas da actualidade. Considerando isso e no domínio do humor sofisticado, fica daqui a sugestão para que, numa próxima edição especial, a equipa do Governo Sombra, em complemento à aparição de Arnaldo Matos, convide o bispo Edir Macedo (da IURD) para o programa. Há de haver certamente quem se escangalhe a rir... Há sempre.

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