Escassos dois dias depois de o Parlamento Europeu ter aprovado um relatório condenando a conduta política da Hungria, a Standard & Poor's prepara-se para fazer uma avaliação vagamente semelhante ao nosso país. Embora o seu teor não seja precisamente o mesmo, desta outra avaliação também poderiam sair sanções terríveis, se calhar, piores do que as que se preparam para ser aplicadas à Hungria. Só que as expectativas neste nosso caso serão bem menos dramáticas, como a notícia acima da agência Lusa se apressa a tranquilizar o leitor. Mas não seja por isso que não devemos deixar de identificar algumas diferenças substantivas - e contrastantes - como as duas avaliações são elaboradas. O relatório sobre a situação húngara que anteontem foi votado tem uma responsável, a eurodeputada Judith Sargentini; contudo costumam ficar no anonimato as responsabilidades dos relatórios que, na Standard & Poor's, preparam o processo de avaliação de cada país. O relatório de Sargentini foi aprovado por 448 votos a favor, 197 contra e 48 abstenções; e não consta que as actas das reuniões onde se discutem os relatórios na Standard & Poor's sejam tornadas públicas. Mas sobretudo, o Parlamento Europeu tem legitimidade política e a agência de notação financeira não. Esta última terá uma outra legitimidade, a financeira, que fará com que a agência noticiosa portuguesa assuma esta indigna atitude acima, de cãozinho arfante e expectante, a dar ao rabo, ainda antes da notícia o ser. (A notícia da avaliação/condenação da Hungria foi dada depois da votação ter lugar) Para contraponto às áreas ideológicas, onde é frase batida que não há almoços grátis, convém recordar também que notícias como a da Standard & Poor's também não saem de borla.
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