28 de Setembro de 1958. Através de um referendo que foi realizado não apenas em França mas também na Argélia e nas restantes colónias francesas, os eleitores aprovavam por uma maioria significativa a Constituição da V República Francesa. Mais uma vez, De Gaulle recorreu ao sistema referendário para legitimar democraticamente a sua concepção de uma França que fosse dirigida por um Chefe de Estado forte, assessorado por um primeiro-ministro administrativo.
Foi um modelo concebido por ele e para si próprio que, nestes últimos 60 anos se mostrou funcional, apesar de ser filosoficamente diferente do de todos os seus parceiros europeus, mas que também revelou as suas fragilidades, pela exigência requerida ao desempenho da chefia do Estado, de que um exemplo flagrante foi a infeliz passagem pelo cargo de François Hollande (2012-2017).
Vale a pena ainda, dar uma vista de olhos por alguns jornais da altura, para apreciar como foram noticiados os resultados, o contraste entre o France-Soir acima, que vibrava com os resultados, e o Le Petit Varois (abaixo, jornal de obediência comunista), que o digeria, indigestamente. E todavia, o mapa que o France-Soir exibe destacadamente em primeira página restringe-se à França hexagonal mais a Córsega, esquecendo-se de incluir as Argélias e outros territórios exóticos que a constituição então aprovada pretenderia integrar...
Quanto ao Le Petit Varois, o que o torna interessante é a paixão colocada na redacção dos títulos, a constatação da derrota não é um momento de aceitação do veredito democrático, é oportunidade para a manifestação de uma apaixonada profissão de fé na vitória final. Quem comprava aquele jornal não queria saber notícias, queria confortar a alma. 60 anos depois, aquele encadeado de capas será o que se pode designar modernamente por um verdadeiro momento Observador...
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