Uma das histórias políticas do fim de semana é que o PSD de Rui Rio põe em tribunal candidatos do partido às autárquicas. A história desenvolve-se, originalmente no jornal i, descrevendo muito sumariamente aquilo que acontecera com a candidatura do PSD às eleições na Covilhã no ano passado (o orçamento para as despesas de campanha fora ultrapassado em 87.000 euros) e a intenção desta actual direcção do partido em accionar judicialmente quem incorreu em tais despesas. O último parágrafo da notícia original - precedido do significativo título: mais mal estar - identifica a provável origem da notícia e explora aquela que será a componente dela mais suculenta em termos de teor noticioso: a guerra civil do PSD. Com as mesmas intenções, alguns jornais da concorrência repegaram no tema, apontados para explorarem a confusão: Matos Rosa contra-ataca direcção de Rio. Contudo, em nenhum dos casos vemos os jornalistas a aplicarem-se para explicar ao leitor o que acontecera com o PSD nas eleições da Covilhã do ano passado. Para que este percebesse a situação. O candidato do partido chamava-se Marco Baptista, dirigente da concelhia local e a disputa afigurava-se, desde o princípio, difícil: para além da candidatura do PS, que detinha a câmara, havia a concorrência de um dinossauro local, que concorria desta vez como independente,...
...e o CDS apresentava uma daquelas vedetas de Lisboa que têm boa imprensa e que aparecem muito na televisão. Os resultados foram uma calamidade para o PSD. O PS ganhou com uma maioria absoluta na vereação. O PSD perdeu para os seus dois rivais mais directos e ficou apenas em quarto lugar com 2.135 votos (7,37%) e nem sequer elegeu um vereador. A esta hecatombe política (que nenhum jornal se deu agora ao trabalho de recordar...) ter-se-á somado, apercebemo-nos, uma hecatombe financeira. Se fizermos o exercício de dividir os 87.000 euros - que, recorde-se, não foram as despesas totais de campanha, apenas o excesso sobre o que fora orçamentado... - pelos 2.135 votos recebidos pela lista do PSD, obtém-se o interessante rácio de 40 euros por eleitor convencido. Ora eu, como leitor e como cidadão, fico muito mais impressionado (e todos nós deveríamos ficar muito mais impressionados) com os limites de despesas a que os partidos políticos podem ir para captar uma presidência de uma remota câmara do interior do que com os exercícios argumentativos - mais do que previsíveis! - de quem contemporizou com tais desmandos. Numa época em que tanto se fala pela subsistência dos jornais e do contributo dos leitores, se aqueles não informam e se limitam a publicar apenas os recados das figuras, então que seja como na propaganda: quem manda os recados que os pague...
Muito bem!
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