Esta é uma das minhas fotografias favoritas, apropriadas de promover quando o ambiente se torna enjoativamente europeu ao som da tradicional ode à alegria de Beethoven. Nada melhor para demonstrar a prevalência dos nacionalismos (e a hipocrisia do europeísmo - que é mais franco-alemão do que europeu - que se procura por vezes então impingir) que esta imagem datada de algures entre 1941 e 1943, com um grande letreiro escrito em alemão afixado no símbolo poderoso da França representado pela Torre Eiffel em Paris. No letreiro lê-se que a Alemanha vence em todas as Frentes mas o mais curioso do conjunto decorativo é a grande letra V que o encima. Porque a palavra alemã mais comum para vitória é sieg e coerentemente devia lá estar um S, o emprego do V só se compreende se o lermos como uma reverência implícita ao sucesso da propaganda britânica, que tornara a letra, nos dedos de Churchill, no sinal sonoro (em morse) das transmissões da BBC, um dos símbolos da causa na Europa ocupada. Sempre atentos ao valor dos trocadilhos, a propaganda britânica não tardou a reagir a este V alemão, ironizando que se tratava do diminutivo de verloren - a palavra alemã para derrota. Paris esteve ocupada pelos alemães entre Junho de 1940 e Agosto de 1944, 50 meses no total. A visita de Adolf Hitler à cidade conquistada em 1940 porém, foi discreta e demorou umas escassas 3 horas.
Hoje, 11 de Novembro, dia em que se assinala o Armistício de 1918 que pôs fim à Primeira Guerra Mundial, o presidente François Hollande iniciou as discretas comemorações oficiais da data depondo uma coroa de flores no monumento a Georges Clémenceau, o Pai da Vitória, esse grande amigo da Alemanha. Sinal dos tempos, como destaca o jornal francês Le Point na sua edição de hoje, Paris (já) fala de patriotismo enquanto Berlim (continua a) fala(r) de Europa.
Sem comentários:
Enviar um comentário