Há uns sete anos (vejam-se estes vídeos de Outubro e Dezembro de 2007), os tempos eram muito diferentes, felizes para José Sócrates, embora o prosseguir da História nos tenha vindo a demonstrar, também pelos seus comentários públicos posteriores (nomeadamente por várias críticas, algumas delas recentes, a declarações de Angela Merkel), que, obcecado pelo tacticismo dos seus objectivos políticos pessoais e de curto prazo, Sócrates nunca terá chegado a conseguir compreender quais eram, e qual seria a melhor forma de defender, os objectos estratégicos do seu país enquanto teve responsabilidades. Quando, no vídeo acima, o vemos a congratular-se por se ter alcançado sob a presidência portuguesa da União um acordo sobre um tratado (o que ficou a ser conhecido por Tratado de Lisboa) cuja assinatura fracassara sob a égide da presidência alemã que a precedera no semestre anterior, ressalta a pergunta óbvia de como é que Portugal e a Alemanha poderiam compartilhar os mesmos interesses na direcção da evolução da União, quando consideradas as suas distintíssimas especificidades nacionais. Ou, como se dizia naquele velho ditado popular hoje ultrapassado pela produção de frangos em aviários, a suspeita de que quando um pobre come galinha é porque algum deles está doente. Sobre tudo o que acima se descreve não tenho quaisquer dúvidas que a História irá condenar José Sócrates. Ela tende a perdoar quem se engana na forma mas não no fundo, como aconteceu por exemplo com Winston Churchill, mas não a Sócrates que, apesar de poder argumentar e defender a forma como governou, se enganou redondamente no fundo. Todavia, sobre o outro assunto - as acusações de corrupção, branqueamento de capitais e fraude fiscal - que agora enche a informação, mantenho a mesma expectativa prudente que aqui anunciei há dois dias, apesar - ou até mesmo por causa - da acentuação de um frenesim pseudo-noticioso que, pela ausência de substância, nos deveria continuar a deixar indiferentes.
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