Organizem-se! é a punchline de uma anedota que é escabrosa demais para ser contada socialmente mas que, estranhamente, toda a gente conhece. Será por isso que, quando surge uma daquelas discussões múltiplas em que ninguém se parece estar a entender, um apelo expletivo mas veemente à organização costuma ter o efeito de gerar silêncio e concitar a atenção imediata dos intervenientes. É o seu equivalente internáutico que aqui procuro reproduzir quando chamo a atenção para a enorme contradição que parece grassar na comunicação social entre os que opinam que ainda não se sabe nada de concreto sobre aquilo de que José Sócrates é acusado, os que opinam que tem havido imensas violações do segredo de justiça, e até os que acham simultaneamente uma coisa e outra. Se tem havido imensas violações do segredo de justiça, porque é que ainda não se sabe nada sobre as acusações concretas? Como em várias outras expressões que se ouvem empregues por aí¹, também o segredo de justiça terá adquirido um entendimento tão para além do seu conteúdo jurídico original, que neste momento ninguém se entenderá em que é que consiste e muito menos de que forma é violado - e fiquemo-nos por aqui, não repitamos o apelo, considerando o potencial de comentários que se poderiam seguir, lembremo-nos da anedota que dá origem a este poste...
¹ Estou-me a lembrar de, por exemplo, serviço público de televisão.
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