Os resultados do referendo na Catalunha parecem ter sido um fiasco para os independentistas. Nunca esteve em causa a percentagem de votos favoráveis à independência, que seria sempre esmagadora (e foi: mais de 80%), a verdadeira disputa far-se-ia em torno da afluência às urnas e aí os jornais de Madrid estão a dar-se ao luxo de ser escrupulosamente rigorosos a fornecer os dados eleitorais: ela terá rondado os 2.250.000 eleitores. Por muito que Artur Mas queira fazer passar um sucedâneo de entusiasmo (veja-se o vídeo abaixo), saiba-se para comparação que a afluência às urnas nas três últimas eleições para o Congresso (de Madrid) variou entre os 3,5 e os 4,0 milhões de eleitores (2004, 2008, 2011). Mais humilhante ainda, a participação de ontem ficou abaixo da registada na Catalunha nestas últimas eleições europeias de Maio passado (2,5 milhões),...
...eleições essas que costumam ser tradicionalmente consideradas à escala continental como o paradigma do desinteresse dos eleitores. O processo eleitoral de ontem arrastou a malta do costume, o que parece ser insuficiente para romper o impasse do status quo estabelecido pelo estatuto referendado em 2006 (com uma afluência de 2,6 milhões, também superior à de ontem...). E, se me sinto na obrigação de me pronunciar sobre este tópico, é porque ele constitui um daqueles casos raros em que a disputa política é informativamente assimétrica: o governo espanhol está apostado em desvalorizar as iniciativas do catalão, deixando-o a fazer barulho sozinho. E como é costume, a informação (fora de Espanha) alimenta-se daquilo que lhe dão – e é só Artur Mas a fazer barulho - em vez de procurar compreender e tentar explicar-nos o que se passou.
Amigo Teixeira, devemos recordar que a idade mínima para votar aqui na espanha é de 18 anos e que, neste soposto referendo, se permitiu o voto a partir dos 16 anos, além de permitir tambem o voto a estranjeiros residentes. Assim, a participaçao foi inflada e deixa as comparaçoes com as votaçoes oficiais distorcidas.
ResponderEliminarSinto-me tentado a concordar consigo, tanto mais que, em rigor, as comparações envolvendo a composição do eleitorado mudam subtilmente de acto para acto com a morte de alguns eleitores e a chegada de outros à idade eleitoral.
ResponderEliminarMas, se ultrapassarmos o rigor matemático, há que não perder de vista que aquilo que refere - idade mais baixa, inclusão de estrangeiros - apenas aumenta o volume de eleitores potenciais o que dará um significado ainda mais amplo ao fiasco político da baixa afluência às urnas.