Durante a Segunda Guerra Mundial, a preparação técnica da invasão aliada à Europa continental foi inicialmente confiada em Dezembro de 1942 a um órgão que veio a ser baptizado com o nome de COSSAC (Chief of Staff Supreme Allied Command). Durante o ano de 1943, os quadros do COSSAC, chefiado por um general britânico, Frederick Morgan (abaixo) como Chefe de Estado Maior, mas à espera de Comandante-Chefe, esteve a desenvolver um importante e gigantesco trabalho (que é pouco conhecido) de preparação sobre o desembarque que viria a ter lugar.

No debate entre as equipas constituídas para defender cada zona de desembarque, a Holanda foi eliminada por causa das inundações que os alemães poderiam causar e que facilmente isolariam o corpo expedicionário aliado e as praias belgas também foram excluídas por causa da violência das correntes costeiras. Em França, a região do Pas-de-Calais, a mais próxima da Grã-Bretanha era excelente, mas era também a mais bem defendida pelos alemães precisamente por causa disso, enquanto na península da Bretanha, tendo as características opostas, as comunicações com o interior de França eram escassas.

Um primeiro Plano de desembarque foi concluído nos inícios de 1944 (quando o general Eisenhower se instalou em Londres e assume o lugar à frente do SHAEF (Supreme Headquarters Allied Expeditionary Forces), absorvendo o COSSAC e o trabalho que este desenvolvera. O desembarque anfíbio era para ser realizado na Baixa Normandia por três divisões e complementado por uma divisão aerotransportada. Segui-las-iam 16 divisões britânicas e 20 divisões norte-americanas, das quais metade viriam directamente transportadas dos Estados Unidos.

É atribuída a Montgomery a responsabilidade de ter forçado a alteração dos planos (mudem o vosso plano, ou mudem-me a mim…), aumentando os meios inicialmente envolvidos no desembarque. As divisões aerotransportadas que protegeriam os flancos da área dos desembarques passaram de uma para três (6ª britânica, 82ª e 101ª norte-americanas) e este último processar-se-ia simultaneamente em cinco praias (codificadas como Utah, Omaha, Gold, Juno e Sword) envolvendo cinco divisões (e não as três originais): 1ª e 4ª norte-americanas, 3ª e 50ª britânicas e 3ª canadiana.

É atribuída a um político francês – Georges Clemenceau (1841-1929) – a autoria de uma famosa frase depreciativa dos militares, que é frequentemente citada*: que a guerra é um assunto demasiado sério para ser da responsabilidade dos generais. No enquadramento do que escrevi neste poste e atendendo à questão do aeroporto, não é despropositado refrasear a máxima de Clemenceau e, em jeito de desforra, considerar que a planificação de grandes empreendimentos parece ser um assunto demasiado sério para ser da responsabilidade dos políticos.

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