Ficaram famosas as conferências de imprensa em que participava o general de Gaulle enquanto presidente francês durante a década de sessenta. Ao contrário de muitas das actuais, os assuntos que ali levavam de Gaulle eram todos importantes, fossem eles o boicote francês à admissão da entrada do Reino Unido na CEE, o estabelecimento de relações diplomáticas com a República Popular da China, as sanções contra o Estado de Israel ou a retirada da França da estrutura militar da NATO.
Só que de Gaulle nunca foi um modelo, nem de paciência, nem de subtileza, para que as conferências de imprensa (que havia sido obviamente preparada de antemão) fluíssem de tal maneira que parecesse que a maioria das perguntas apareciam espontaneamente (como acontecia – e acontece – com as da Casa Branca, por exemplo). Ficou famosa a ocasião em que, tardando a pergunta, o general impaciente começou: Creio que ouvi alguém perguntar-me…
O pormenor deste fiasco de mise en scène tornou-se muito gozado na época e podemos apreciá-lo numa engraçadíssima prancha inédita de René Goscinny e Albert Uderzo, datada de 1964, onde o chefe Abraracourcix aparece numa conferência de imprensa decalcada das de de Gaulle a anunciar a publicação de Le Combat des Chefs na revista Pilote. E, tal como de Gaulle, é ele que formula a última pergunta e depois lhe responde…
Num registo parecido, é lembrada a facilidade com que Georges Marchais (PC) fugia às perguntas embaraçosas.
ResponderEliminarUm dia, um seu opositor, contrariado, disse-lhe :
- Mas não foi essa a minha pergunta!
_ Pois, mas é esta a minha resposta!
Um artista este George...
Nota : Não confundir com o outro Georges, o Brassens.