Não sei se ainda falo pelas gerações actuais mas creio que em cada miúdo há sempre um espadachim em potencial. E, em geral e passada a infância, todos ficamos com aquela imagem romântica dos mosqueteiros. Todos? Talvez não… Há ainda aquela minoria que, como me aconteceu, teve o privilégio de ter verdadeiras aulas de esgrima a sério. E dali formam-se dois grupos: os que continuam a gostar e os que deixam de gostar… E asseguro que um punhado de aulas de florete é capaz de dar cabo de muitas simpatias por Athos, Porthos e Aramis…
A fase inicial do ensino, onde se ensinavam as posições básicas era um completo desapontamento. A posição de em guarda era uma tortura, fazia lembrar a da firmeza só que de florete na mão, enquanto o instrutor nos dizia para estarmos descontraídos e à vontade, o que se tornava uma perfeita contradição porque ao mesmo tempo se passeava corrigindo as posições, nomeadamente a de segurar o florete em quarta*, o que normalmente nos deixava com os punhos doloridamente tortos como se nos tornássemos num aleijado…
A fase inicial do ensino, onde se ensinavam as posições básicas era um completo desapontamento. A posição de em guarda era uma tortura, fazia lembrar a da firmeza só que de florete na mão, enquanto o instrutor nos dizia para estarmos descontraídos e à vontade, o que se tornava uma perfeita contradição porque ao mesmo tempo se passeava corrigindo as posições, nomeadamente a de segurar o florete em quarta*, o que normalmente nos deixava com os punhos doloridamente tortos como se nos tornássemos num aleijado…

Um esgrimia visivelmente muito melhor que o outro, só que este último era também muito maior que o primeiro e, naturalmente, o seu braço era muito mais comprido. Ganhou. O seu mérito consistiu em antecipar os ataques do seu adversário e esticar o braço simultaneamente quando o adversário o fazia: como era maior e o braço mais comprido, a ponta do seu florete tocava primeiro do que a contrária… Como noutras modalidades, também na esgrima outros factores podem ser muito mais importantes do que a habilidade…

* Se a memória não me estiver a atraiçoar sobre a designação das posições…
** Em competição, a pontuação dos toques de florete é feita automaticamente, mas ali fazia-se da forma tradicional, com um árbitro e mais quatro jurados.
Nota: Os meus agradecimentos ao Pedro Freitas, que espero que me desculpe por lhe ter fanado a fotografia do seu blogue, onde surge galhardamente de sabre na mão, o primeiro da esquerda (o Athos…) daquela réplica dos Três Mosqueteiros… Mas só o blogue dele possuí a fotografia precisa para enquadrar a história que contei...
Os franceses têm uma expressão idêntica (ter o braço comprido)que é "avoir le bras long".
ResponderEliminarMas o sentido é um pouco mais subtil, mais figurado, aplicando-se a alguém influente, com poder.
Pode mesmo insinuar a existência de arranjinhos ou jogadas menos claras.
Se Pinto da Costa fosse francês dir-se-ia dele que tem o "bras long"...