
A narrativa começa por um episódio bem real: o atentado perpetrado contra o general de Gaulle em Agosto de 1962 pela OAS (Organisation armée secrète), a organização terrorista clandestina que, lutando pelos direitos dos colonos de origem europeia da Argélia, considerava de Gaulle um traidor à sua causa pela concessão da independência à Argélia e à maioria de confissão muçulmana, que havia ocorrido no mês anterior ao do atentado. A fotografia abaixo mostra algumas das 14 balas que atingiram a viatura presidencial.

Acompanhamos assim os estudos detalhados sobre a personalidade de Gaulle feitos por Chacal na biblioteca, os diversos processos que usa para a aquisição de várias identidades falsas, as iniciativas que toma para comprar uma arma de precisão especialmente construída para o efeito, ou para a aquisição de viaturas que possam vir a mudar rapidamente de aspecto. O suspense é fornecido pela descoberta pelos franceses do que se preparava e pela caça ao homem desencadeada pela polícia francesa.
Não vale a pena estragar a leitura do livro a quem a isso se dispuser, detalhando ainda mais as peripécias, só importa dizer que Forsyth não altera a realidade a ponto de fazer assassinar de Gaulle que, como se sabe, morreu pacatamente com quase 80 anos, em 1970, na sua aldeia de Colombey-les-Deux-Églises. O requinte de malvadez da lógica de todo enredo, é que toda a história da conspiração pode tornar-se aceitável porque, na eventualidade de ter existido, teria sido naturalmente abafada pelas autoridades francesas…
É que Chacal chegou a alvejar de Gaulle só que errou o tiro por um motivo bem prosaico: o presidente francês participava numa cerimónia de imposição de condecorações e o assassino, ao visar a sua cabeça e com toda a sua formação britânica, não concebera que o enorme de Gaulle (1,94 de altura) se iria baixar para saudar à francesa, com um beijo, o recém-condecorado… A bala perdeu-se e Forsyth criou mais um mito que sustenta a improbabilidade de uma aliança designada por Entente Cordiale… que continua a existir! E Chacal acaba morto quando se preparava para uma nova tentativa...

Depois em 1997, houve um novo filme, baptizado The Jackal, também baseado na mesma intriga mas uma verdadeira americanada de pipocas em todo o seu esplendor. Transposta para os Estados Unidos, do conteúdo político da intriga não ficou nada, do rigor e sistematização da montagem da operação não ficou nada, das diferenças culturais entre caçadores e caçado não ficou nada… Ficou o luxo do elenco (Richard Gere, Bruce Willis e Sidney Poitier) que, havendo a referência do filme anterior, só ficou a perder por participar neste…

* Na história, a OAS reconhece que Chacal seria forçado a retirar-se e desaparecer depois daquele trabalho, o que justificava o valor elevadíssimo dos seus honorários.
[...]Se você quiser ler uma descrição mais detalhada, eis um post interessante que encontrei.[...]
ResponderEliminarhttp://adultimum.blogspot.com/2008/01/livro-o-dia-do-chacal.html
O Chacal planejou sim a sua retirada não conseguindo em função do detetive Lebel o ter destruido......Leitura obrigatória pra quem gosta desse tipo de história ficção/realidade/ficção ! Abs Jotta Ventura
ResponderEliminarEntão transponha para aqui as passagens do livro onde se leia como o Chacal estaria a planejar a sua retirada.
ResponderEliminarPor exemplo:
Em que sítio Forsyth nos explica como é que ele iria fugir de Paris? Ou onde se iria ele esconder da Caça ao Homem que se seguiria inevitavelmente ao assassinato de de Gaulle?