O princípio da década de 70 era o tempo da ingenuidade em que as técnicas clássicas associadas às campanhas promocionais que surgem nos livros de Marketing ainda surtiam efeito, pela novidade. Eram os tempos em que a editora Publicações Europa-América promovia campanhas teaser* na televisão onde também usava refrões sugestivos como o quem não lê, chapéu!!!..., que entrou rapidamente no anedotário nacional por associação com os exuberantes adornos usados por Dona Gertrudes Thomaz**, a esposa do Almirante que presidia à nação.
Mas o exemplo de mais sucesso daquela época terá sido a enorme carga de notoriedade*** obtida por um, até então, obscuro e minúsculo banco, o Banco Intercontinental Português (BIP), dirigido por Jorge de Brito, e que foi conseguida através do patrocínio de uma escuderia automóvel e da aquisição de um carro da categoria de Sport 2 Litros competitivo para a época, um Lola T-292 (abaixo), que, com um leque de condutores competentes, conseguiu alcançar várias posições de destaque nos Campeonatos Nacionais e Europeus da modalidade.
A ironia de toda a história é que ao BIP faltava-lhe em solidez e solvabilidade o que lhe sobrava em notoriedade. Em evidentes dificuldades antes dele, depois do 25 de Abril foi discretamente absorvido por uma instituição bancária maior, antes do fervor que nacionalizou toda a banca portuguesa em Março de 1975… As Publicações Europa-América continuam de boa saúde, mas já não anunciam na televisão: os gostos e os telespectadores mudaram muito desde essa altura…
* Designação técnica para uma mensagem publicitária em que, numa primeira fase, não se faz qualquer menção ao produto a promover, mas se procura chamar a atenção do leitor/ouvinte/espectador pelo insólito. Depois de o deixar intrigado só posteriormente que se vem a revelar qual o produto.
** Foi época em que era chique escrever os apelidos de forma arcaica.
*** Notoriedade pretende aqui ser a tradução da expressão inglesa publicity, que não corresponde ao significado de publicidade em português (a expressão inglesa correspondente a esta última é advertising). A notoriedade acontece quando a campanha adquire uma difusão muito superior à que fora contratada e paga: era o caso da divulgação das notícias das corridas em que os carros do Team BIP ficavam bem classificados.
A ironia de toda a história é que ao BIP faltava-lhe em solidez e solvabilidade o que lhe sobrava em notoriedade. Em evidentes dificuldades antes dele, depois do 25 de Abril foi discretamente absorvido por uma instituição bancária maior, antes do fervor que nacionalizou toda a banca portuguesa em Março de 1975… As Publicações Europa-América continuam de boa saúde, mas já não anunciam na televisão: os gostos e os telespectadores mudaram muito desde essa altura…
* Designação técnica para uma mensagem publicitária em que, numa primeira fase, não se faz qualquer menção ao produto a promover, mas se procura chamar a atenção do leitor/ouvinte/espectador pelo insólito. Depois de o deixar intrigado só posteriormente que se vem a revelar qual o produto.
** Foi época em que era chique escrever os apelidos de forma arcaica.
*** Notoriedade pretende aqui ser a tradução da expressão inglesa publicity, que não corresponde ao significado de publicidade em português (a expressão inglesa correspondente a esta última é advertising). A notoriedade acontece quando a campanha adquire uma difusão muito superior à que fora contratada e paga: era o caso da divulgação das notícias das corridas em que os carros do Team BIP ficavam bem classificados.
O BIP terá sido o avôzinho de que se poderia orgulhar o BPI...
ResponderEliminarTeaser era o tipo de anúncio a que, nos anos 60, o meu amigo Vítor Marques deu voz, dizendo repetidamente "É d'homem!", para,no final, revelar "A Aguardente Velha 1920 é d'homem"
ResponderEliminarJá vem fora de tempo, mas quando me referi à Formosa queria falar daqueles conflitos sino-qq coisa.
ResponderEliminarPois o texto sobre a Formosa li-o e é bastante esclarecedor.
Carteiro/Paciente:
ResponderEliminarLamento que este novo procedimento o tenha feito perder o "nick" de sempre mas creio que sabe, por experiência própria de blogue próprio, como o facto de forçar a um registo prévio é dissuasor: perdido o anonimato o "insultador" é cordato...
Visto pelo lado bom, já não há teste das letras... e por falar em letras suponho que o facto de combinar as mesmas na sua sigla seja apenas o que tem em comum o BPI e o defunto BIP - que viveu com espavento mas morreu cedo...
Se há coisa segura nos assuntos chineses é que nada vem fora de tempo, João Moutinho. Mas eles costumam ser bastante precisos: "sino-qq coisa" poderá ser sino-vietnamita?
ResponderEliminarÉ que também pretendo vir a abordar a Guerra Sino-Vietnamita de 1979 num próximo poste.