Já neste blogue me referi, ainda que de raspão, a Dan Cooper, um herói da BD franco-belga, cujos desenhos e argumentos pertencem ao autor belga Albert Weinberg. Não sendo seguramente uma das personagens mais populares dessa escola (como Astérix, Tintin ou Lucky Luke…) terá seguramente a sua facção de apreciadores. Tratam-se de histórias que são muito cuidadas do ponto de vista do desenho técnico dos diversos equipamentos mas que não procuram ter grande densidade na configuração das personagens intervenientes, factor que limita o leque de apreciadores.
Dan Cooper é um piloto militar canadiano (da RCAF*), presume-se que francófono, e quando conheci as suas histórias, nos finais dos anos sessenta, era um virtuoso de uma aeronave (que era a que na realidade equipava os esquadrões de intercepção da RCAF) que não era nada virtuosa: o Lockheed F-104 Starfighter, conhecida por registar uma taxa de acidentes desproporcionadamente alta. Os incidentes que Cooper vivia ao comando dos seus F-104 tinham correspondência com a realidade; infelizmente os pilotos reais nem sempre escapavam ilesos, ao contrário do que acontecia com Dan Cooper…
Dan Cooper é um piloto militar canadiano (da RCAF*), presume-se que francófono, e quando conheci as suas histórias, nos finais dos anos sessenta, era um virtuoso de uma aeronave (que era a que na realidade equipava os esquadrões de intercepção da RCAF) que não era nada virtuosa: o Lockheed F-104 Starfighter, conhecida por registar uma taxa de acidentes desproporcionadamente alta. Os incidentes que Cooper vivia ao comando dos seus F-104 tinham correspondência com a realidade; infelizmente os pilotos reais nem sempre escapavam ilesos, ao contrário do que acontecia com Dan Cooper…
Mas o que mais me interessava naquela série era como, através de prodígios de imaginação, Albert Weinberg conseguia colocar o major Dan Cooper a participar em programas espaciais tripulados, fossem eles imaginados ou mesmo encaixando as suas aventuras como podia em programas reais. Era isso que o distinguia de outras séries da mesma escola de BD que se dedicavam precisamente ao mesmo tema da aventuras de pilotos, como eram os casos de Buck Danny (de Hubinon e Charlier) ou de Tanguy e Laverdure (de Jijé ou Uderzo e Charlier).
O mais antigo desses Dan Cooper espaciais que possuo é de edição francesa e chama-se 3 Cosmonautas (1966) e o major Dan Cooper vê-se a participar num hipotético programa espacial tripulado conjunto dos países europeus (envolvendo também a União Soviética!...) onde a base de lançamento se situava na Suíça (!) e onde a missão consistia no lançamento conjunto de três cosmonautas (Cooper, um francês e uma russa) em três naves separadas cujo desenho era igualzinho ao das naves do projecto espacial norte-americano Mercury da época. A missão corria mal, mas a aventura acabava bem.
No álbum seguinte do mesmo género, SOS no Espaço (1971), já o autor resolveu integrar o herói num programa espacial existente (o norte-americano Gemini) e a aventura acontecia num lançamento tripulado desse programa, com a companhia de um companheiro norte-americano**. As vicissitudes ficavam por conta de um programa espacial tripulado concorrente, onde os tripulantes tinham adquirido uma estranha cor azul que parecia ser resultado de uma ainda mais estranha infecção espacial que quase liquidava também os dois heróis. O mistério ficava por esclarecer…
O terceiro álbum, Apollo chama Soyuz (1973), terá sido provavel e paradoxalmente o primeiro que o público português terá conhecido no género, pois saiu semanalmente a partir dos princípios de 1970, na revista semanal Tintin. A história é uma homenagem ao programa espacial Apollo (a primeira verdadeira alunagem datava de Julho de 1969) mas o enredo é complicado por um programa lunar soviético (completamente inventado) com quem os heróis iriam trabalhar na Lua e que sofre um acidente por causa de um enxame de meteoritos, transformando a missão originalmente programada numa de salvação dos cosmonautas soviéticos sobreviventes.
Há um quarto álbum do mesmo género de aventuras espaciais de que apenas conheço o nome Navette Spatiale (1983) e descrições sumárias quanto ao enredo. Mais uma vez é um voo tripulado num programa espacial norte-americano (o STS – conhecido entre nós por Vaivém Espacial) em que, como é costume, algo corre mal. Mas já foi publicado numa época em que, para mim, os heróis tão impolutos e infalíveis quanto o Dan Cooper já haviam perdido há muito a credibilidade e já não era a ficção que me levava a interessar pelos aspectos técnicos da exploração espacial…
Hoje, dou mais valor a pequenos aspectos técnicos, como aquele que reproduz a fase ascensional da missão Apollo XIII no filme com o mesmo nome, onde, para além do efeito de aceleração, os efeitos especiais nos mostram como todo o foguetão Saturno V abanava, tremia e gemia, realçando quanto de mecânico e, portanto, de assustadoramente falível, uma missão podia parecer para aqueles que viajavam no topo…
* Royal Canadian Air Force
** O primeiro estrangeiro a participar realmente num voo de um programa espacial norte-americano foi o alemão Ulf Merbold no STS-9 em Novembro de 1983. O primeiro canadiano no espaço foi Marc Garneau, no STS-41-G em Outubro de 1984.
O mais antigo desses Dan Cooper espaciais que possuo é de edição francesa e chama-se 3 Cosmonautas (1966) e o major Dan Cooper vê-se a participar num hipotético programa espacial tripulado conjunto dos países europeus (envolvendo também a União Soviética!...) onde a base de lançamento se situava na Suíça (!) e onde a missão consistia no lançamento conjunto de três cosmonautas (Cooper, um francês e uma russa) em três naves separadas cujo desenho era igualzinho ao das naves do projecto espacial norte-americano Mercury da época. A missão corria mal, mas a aventura acabava bem.
No álbum seguinte do mesmo género, SOS no Espaço (1971), já o autor resolveu integrar o herói num programa espacial existente (o norte-americano Gemini) e a aventura acontecia num lançamento tripulado desse programa, com a companhia de um companheiro norte-americano**. As vicissitudes ficavam por conta de um programa espacial tripulado concorrente, onde os tripulantes tinham adquirido uma estranha cor azul que parecia ser resultado de uma ainda mais estranha infecção espacial que quase liquidava também os dois heróis. O mistério ficava por esclarecer…
O terceiro álbum, Apollo chama Soyuz (1973), terá sido provavel e paradoxalmente o primeiro que o público português terá conhecido no género, pois saiu semanalmente a partir dos princípios de 1970, na revista semanal Tintin. A história é uma homenagem ao programa espacial Apollo (a primeira verdadeira alunagem datava de Julho de 1969) mas o enredo é complicado por um programa lunar soviético (completamente inventado) com quem os heróis iriam trabalhar na Lua e que sofre um acidente por causa de um enxame de meteoritos, transformando a missão originalmente programada numa de salvação dos cosmonautas soviéticos sobreviventes.
Há um quarto álbum do mesmo género de aventuras espaciais de que apenas conheço o nome Navette Spatiale (1983) e descrições sumárias quanto ao enredo. Mais uma vez é um voo tripulado num programa espacial norte-americano (o STS – conhecido entre nós por Vaivém Espacial) em que, como é costume, algo corre mal. Mas já foi publicado numa época em que, para mim, os heróis tão impolutos e infalíveis quanto o Dan Cooper já haviam perdido há muito a credibilidade e já não era a ficção que me levava a interessar pelos aspectos técnicos da exploração espacial…
Hoje, dou mais valor a pequenos aspectos técnicos, como aquele que reproduz a fase ascensional da missão Apollo XIII no filme com o mesmo nome, onde, para além do efeito de aceleração, os efeitos especiais nos mostram como todo o foguetão Saturno V abanava, tremia e gemia, realçando quanto de mecânico e, portanto, de assustadoramente falível, uma missão podia parecer para aqueles que viajavam no topo…
* Royal Canadian Air Force
** O primeiro estrangeiro a participar realmente num voo de um programa espacial norte-americano foi o alemão Ulf Merbold no STS-9 em Novembro de 1983. O primeiro canadiano no espaço foi Marc Garneau, no STS-41-G em Outubro de 1984.
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