O Mónaco nem chega a ser um estado muito pequeno, é literalmente o micro-estado: com os seus 3,18 Km de largura máxima, se sairmos para passear e mesmo que andemos na maior das calmas, ao fim de uma hora e se não voltarmos para trás, estamos em França… A área total do país não chega a 2 Km.² (1,97) e mesmo assim, cerca de 20% dela resultam de aterros ganhos ao mar. De um lado fica uma fronteira terrestre de 4,4 Km com a França e de outro a costa mediterrânica, que se prolonga por 4,1 Km.

A História medieval do Mónaco é desinteressante, parecida com a de muitos pequenos feudos que existiam por toda a Itália. Durante bastante tempo esteve dependente da importante cidade de Génova, célebre pela rivalidade comercial no Mediterrâneo com a de Veneza. A outra potência que servia aos senhores locais de equilíbrio contra a influência genovesa era a França: no Século XVII, Luís XIV, o famoso Rei-Sol de França, era o padrinho do príncipe Luís I do Mónaco (1662-1701).
O Mónaco nunca foi importante, mas começou a adquirir notoriedade em meados do Século XIX, quando se começou a divulgar a actividade do turismo entre os extractos mais elevados da sociedade e a explorar as condições de autonomia legislativa que o Mónaco possuía. Fazer lóbi para que se abrisse um Casino tinha muito mais possibilidades de sucesso no Mónaco do que em Paris e foi isso veio mesmo a acontecer em 1856, com a concessão dos jogos a dois franceses, Langlois e Aubert.

Em 1918, houve uma crise de sucessão dinástica, cujos detalhes teriam feito as delícias dos tablóides contemporâneos. Em poucas palavras, o príncipe reinante estava velho (Alberto I tinha 70 anos) e o príncipe herdeiro, então com 48 anos, e que viria a ser o príncipe Luís II (1922-49), não tinha descendentes legítimos o que, de direito, tornaria no herdeiro do trono futuro um dos seus primos, de uma casa ducal alemã, coisa que a França nunca estaria disposta a tolerar – recorde-se que se estava em plena Primeira Guerra Mundial…
Para contornar o problema, que faria com que a França anexasse o Mónaco se a isso tivesse de chegar, houve que legitimar e colocar na ordem de sucessão ao trono uma filha – Carlota – que o herdeiro Luís tivera com uma cantora, enquanto cumpria o serviço militar no exército francês e estivera colocado na Argélia... Feito isso, a princesa foi casada com um conde de Polignac, de uma família da velha nobreza francesa, de quem teve dois filhos, um dos quais veio a ser o príncipe Rainier III (1949-2005).

Depois da Segunda Guerra Mundial o turismo tendeu a banalizar-se cada vez mais e tornou-se importante para o Mónaco a captação do turismo de luxo norte-americano numa Europa então empobrecida. É nesse quadro que se compreende a organizaçõas do grande evento que foi o casamento do príncipe reinante (Rainier III) com uma estrela de cinema norte-americana, Grace Kelly. Foi uma forma simples, mas eficaz, de concentrar as atenções das revistas de mexericos (tipo ¡Hola!) no principado.


* É o caso de algumas vedetas de várias modalidades do desporto profissional, que estando a competir à volta do Mundo, apenas ali têm o seu domicílio fiscal e raramente lá se encontram.
** Sociedade dos Banhos de Mar
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