06 julho 2006

I LOVE THE SMELL OF NAPALM IN THE MORNING*

Este é um PBR, o acrónimo em inglês para barco patrulha para rios. Conjuntamente com A Cavalgada das Valquírias de Wagner e o cheiro de napalm pela manhã, é um dos meus três traços identificativos do inesquecível Apocalypse Now de Francis Ford Coppola que, sem ser a Guerra do Vietname, foi uma das forma mais conseguidas de a retratar.

Mais recentemente, os PBR voltaram a estar indirectamente na berlinda ao questionar-se o desempenho durante a Guerra do Vietname do candidato presidencial democrata John Kerry que comandou uma dessas unidades. Diga-se, de passagem, que nunca percebi o propósito da questão em discussão, quando os factos se resumiam à constatação que John Kerry cumprira o seu serviço militar no Vietname e George W. Bush se desenfiara, cumprindo-o na Guarda Nacional do Texas, provavelmente graças aos contactos do pai.

Seria como uma comparação eventual, aqui em Portugal, entre os perfis morais do Padre Feytor Pinto e do Major Valentim Loureiro, em que, por efeitos milagrosos de uma excelente manobra comunicacional, se conseguiria dar a mesma importância ao facto do padre costumar tirar os macacos do nariz e a todas as inúmeras manobras sórdidas em que o major aparece envolvido (apitos, metros, etc.).

Regressando aos rios e aos PBR, a novidade – conforme se pode ler aqui - é que a Marinha dos Estados Unidos, acusada de não contribuir para o esforço de guerra no Iraque, acusações comuns dos outros ramos em situações de contra-subversão, se resolveu a reintroduzir os PBR, agora para patrulhamento dos rios Tigre e Eufrates. A administração Bush bem detesta as comparações do Iraque com o Vietname, mas ei-las que regressam apesar de tudo e nos pormenores…

* Início de uma das intervenções mais marcantes de um dos personagens do filme Apocalypse Now: Adoro o cheiro do napalm pela manhã. Uma vez bombardeámos uns montes durante umas doze horas. Quando acabou, fui lá acima. Não encontrámos ninguém, nem um único corpo fedorento de um china. Mas o cheiro, aquele cheiro a gasolina por todo o lado… Cheirava a… vitória.

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