01 outubro 2008

RETHONDES E A MIOPIA DE HITLER

O acordo para a cessação de todas as operações militares na Frente Ocidental da Primeira Guerra Mundial foi assinado bem cedinho, às 5H15 da manhã (!) do dia 11 de Novembro de 1918, para que um armistício entrasse em vigor a partir das 11H00 da manhã daquele mesmo dia. A assinatura do documento teve lugar na carruagem especial e pessoal do Generalíssimo Ferdinand Foch, que estava então estacionada junto à floresta de Rethondes, comuna de Compiègne. Alguns anos mais tarde (1927), o troço de via-férrea com o vagão foram adaptados e transformados num monumento nacional.
Em 22 de Junho de 1940, agora durante a Segunda Guerra Mundial, seguindo escrupulosamente as instruções pessoais de Adolf Hitler, a carruagem foi recolocada precisamente no local onde estivera em 11 de Novembro de 1918 para que servisse agora de cenário à cerimónia de assinatura do armistício entre alemães e franceses, com Hitler a ocupar o cadeirão que pertencera outrora a Foch. Se há muito poucas fotografias da primeira cerimónia (a inicial), abundam as da segunda (acima e abaixo), tendo a imprensa internacional e mesmo a rádio alemã sido convidadas para cobrir a cerimónia.
Mesmo assim, muitas fotografias ficaram por publicar, como me apercebi recentemente, ao descobrir uma raríssima fotografia de Hitler naquela cerimónia onde ele aparece (embaixo, do lado direito ao centro) de óculos postos*… Na realidade, Adolf Hitler além de sofrer de miopia mas nunca usar óculos em público, fazia o modelo do míope envergonhado que não se assume, o que obrigava a que os relatórios e outra documentação que fossem destinados à sua leitura, tivessem que ser dactilografados numa máquina de escrever especial, que empregava caracteres anormalmente grandes…
* Embora os óculos não se vejam claramente com a fotografia nesta escala, tive ocasião de ver recentemente esta mesma fotografia muito ampliada num museu onde os óculos de Hitler eram perfeitamente distinguíveis.

2 comentários:

  1. O Adolfo era tão míope que quando lhe indicaram o cadeirão do Foch, para se sentar, perguntou: Qual cadeirão?...

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  2. Num outro poste mais adiante mas respeitante a este, um leitor fiel mas intermitente, o Zé Dias da Silva, colocou a pergunta:

    "A respeito do post Rethondes e a miopia de Hitler, este não mandou, depois da assinatura do armistício, destruir a carruagem?"

    Segundo sei, depois da cerimónia da segunda assinatura em 1940, Hitler e o Reich passaram a atribuir à carruagem o valor simbólico da Desforra (sobre a França).

    Tanto valor lhe atribuíam que foi sob ordens expressas que os alemães a evacuaram para a Alemanha no seguimento do desembarque em França pelos Aliados em Junho de 1944.

    Foi na Alemanha, mas já nos últimos dias do Reich, em 1945, que de facto a carruagem veio a ser queimada, mas no espírito de auto-destruição que grassava na época.

    A que hoje está em Rethondes é uma réplica, baseada numa carruagem da mesma série da destruída, mas com as adaptações que haviam sido adicionadas à carruagem do Generalíssimo Foch.

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