06 outubro 2008

O TERRORISMO QUE NÃO SE ENCAIXA

A 19 de Abril de 1995, Timothy McVeigh conduziu uma carrinha carregada de explosivos e estacionou-a junto a um complexo de edifícios federais na cidade de Oklahoma. Depois de se ter afastado para uma distância segura, detonou-os. Em resultado da explosão, um dos edifícios ficou quase totalmente destruído (abaixo) e morreram 168 pessoas, naquele que fora o atentado bombista mais sangrento perpetrado até então nos Estados Unidos. Depois de descoberto, julgado e condenado, Timothy McVeigh veio a ser executado em 11 de Junho de 2001, precisamente três meses antes dos atentados contra o World Trade Center e o Pentágono. Contudo, naquele outro caso, o autor do morticínio era do mais americano que possa haver. McVeigh nascera numa família irlandesa católica, religião de que era praticante, crescera numa daquelas cidadezinhas que estamos habituados a ver nos filmes (Pendleton, New York), onde completou a High-School. Apresentou-se como voluntário para o serviço militar entre 1988 e 91. No entanto, o que se sabe sobre o seu retrato psicológico e a evolução ideológica que possa ter sofrido são manifestamente incompletos. Era um tímido, mas as conclusões de que se tratava de um solitário e as insinuações que se trataria de um desequilibrado são demasiado convenientes… É que, mesmo sendo inverosímeis, recorrendo a elas, não se torna preciso ir buscar explicações mais aprofundadas para a razão porque membros de organizações típicas da América mais conservadora tenham decidido descambar para a prática do terrorismo anti-governamental. No caso de McVeight, dá-se até a coincidência dele ter sido, como a actual candidata republicana à Vice-Presidência Sarah Palin, filiado no Partido Republicano e na National Rifle Association (NRA - acima). E vem mesmo a calhar falar aqui de Sarah Palin e de terrorismo, depois das acusações de terrorista que ela proferiu (abaixo) a respeito de um apoiante da candidatura de Obama.
É evidente que falta apenas um mês para o dia das eleições presidenciais norte-americanas, que a candidatura republicana de McCain e Palin parece estar muito mal colocada nas sondagens e que, portanto, se possa estar a entrar naquela época do desespero, do vale tudo como argumento de campanha. Faz parte do folclore tradicional das campanhas. Mas pode não parecer ridículo… Como ficou escrito acima mas também costuma ser regularmente esquecido, o campo republicano conservador não está de todo impoluto quanto à questão do terrorismo. Também houve terroristas saídos daquela área ideológica, enchendo a boca com a palavra América…

9 comentários:

  1. O Linguista e filósofo Noam Chomsky, figura marcante da sociedade norte-americana, conhecido pelas suas posições politicas de esquerda, afirmou que o partido republicano tem uma vertente realmente fascista e conta com uma formidável máquina de difamação e vilipêndio.
    Essa máquina acabou de ser posta em marcha contra Obama.
    A propósito desta afirmação, será bom recordar que, durante a campanha eleitoral de 2004, a máquina difamatória e mistificadora republicana destruiu a imagem de John Kerry, fê-lo perder as eleições mais ganhas da História e conseguiu transformar o candidato George W. Bush, o qual, ao contrário daquele, teve a ajuda do pai para se livrar da guerra do Vietname, num autêntico patriota americano, contribuindo de maneira decisiva para a sua eleição.

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  2. O Obama poderá ter escolhido para Vice alguém que de certa forma possa colmatar alguma das sua falhas (experiência em política externa p. ex) - mas assim há alguma bicefalia.
    O Mc assim está livre de haver alguma dúvida sobre qual dos dois candidatos será o líder.

    Em todo o caso permito-me notar que foi o Partido Republicano que acabou com a escravatura nos EUA e esta dos europeus querem fazer do Bush um ícone do mal também deixa muito a desejar.

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  3. Não gosto da senhora mas, reparei que esteve muita graciosa no seu vestido negro e sapatos de saltos altos. Um luxo que a Carla bruni não tem ao lado de um anão.
    cumprimentos de Antuérpia

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  4. Permita-me, JRD, a referência a um livro intitulado "Anything for a Vote" (http://www.amazon.co.uk/Anything-Vote-Tricks-October-Surprises/dp/1594741565/ref=sr_1_1?ie=UTF8&s=books&qid=1223424311&sr=8-1)
    que contém um historial bastante detalhado das "sujeiras" associadas às eleições presidenciais norte-americanos desde 1789.

    Há lá muito que aprender...

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  5. Sinceramente, João Moutinho, não consigo acompanhá-lo nesse raciocínio em que a escolha de uma figura subalterna para se candidatar ao cargo de Vice-Presidente se venha a revelar uma vantagem. Tecnicamente, trata-se do substituto do presidente em caso de impedimento deste.

    É apenas uma opinião que defendo, embora não esteja sozinho a fazê-lo, mas suponho que a última Administração republicana com uma agenda verdadeiramente progressiva e transformadora foi a de Theodore Roosevelt, há precisamente 100 anos atrás (1901-09).

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  6. É verdade o que escreveu, Alfacinha, mas creio que existem duas substanciais diferença entre Carla Bruni e Sarah Palin.

    A brincar: a Carla é muito mais bonita que a Sarah

    A sério: a Carla não ocupa nenhum cargo oficial do estado; a Sarah é candidata a um, exige-se-lhe mais do que embelezar o estrado...

    Cumprimentos de Lisboa

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  7. Agradeço a informação. Pelo que acabei de ver, a procura está a ser enorme, vou ver se me compram um exemplar.

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  8. Mas Teixeira eu não disse que escolher a Sara para Vice seria uma vantagem, até estava a satirizar um pouco. E esta de associar O Obama aos terroristas é bastante infeliz.

    Só não aprecio muito a Obamania ou a ferocidade anti-Bush que se estende aos Republicanos.

    Nem acredito que uma alteração do partido na Casa Branca vá alterar algo de substancial nos destino dos mundos (talvez excluindo o Iraque).

    João Moutinho

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  9. Complementando o que escreveu, João Moutinho, não só também não acredito que uma alteração do partido na Casa Branca vá alterar algo de substancial nos destino dos mundos, como também acredito que eventuais reformas substanciais que possam vir a ser implementadas por uma Administração Obama consigam vir a ser devidamente "absorvidas" pela máquina informativa.

    Vale a pena recordar como era a "profundidade" das notícias de época sob a Administração FD Roosevelt e o "New Deal". E se a América então mudou...

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