Aquilo que ficou conhecido por South Sea Bubble (a Bola de Sabão dos Mares do Sul) começou em 1711, quando uma Companhia dos Mares do Sul foi fundada a quem o governo britânico atribuiu o monopólio do comércio com todas as possessões espanholas da América. À data da sua fundação essa concessão tinha muito pouco significado prático porque a Inglaterra e a Espanha encontravam-se numa guerra (Guerra de Sucessão de Espanha) que só viria a terminar em 1713.
Desde os feitos de Francis Drake e outros corsários nos finais do Século XVI, com as suas capturas dos galeões espanhóis das Frotas da Prata, que se havia criado entre o inglês comum a impressão que a América Espanhola era uma fonte de incontáveis tesouros (abaixo). Segundo a opinião dominante, uma Companhia que possuísse o monopólio do comércio entre aquelas regiões e a Inglaterra, aparentava ter um enorme potencial de crescimento, e seria um óptimo investimento...
Do ponto de vista estritamente económico a Companhia dos Mares do Sul foi, ganhando os seus lucros, desempenhando com brio a sua actividade principal que, surpreendentemente, nada tinha a ver com o comércio de todos aqueles minerais e pedras preciosas que faziam sonhar os investidores de Londres: tratava-se do prosaico comércio de escravos e a Companhia assegurava (com eficiência) o fornecimento anual de 4800 escravos africanos para serem vendidos na América espanhola.
Mas o problema que veio a tornar a Companhia famosa era financeiro e estava em Londres… Robert Harley, o Conde de Oxford (abaixo), que seria na altura o equivalente de um Ministro das Finanças tentou montar uma operação no estilo que hoje se chamaria por engenharia financeira, fazendo com que a Companhia dos Mares do Sul, cujas acções eram muito apetecidas, aplicasse uma parcela do seu capital a comprar os títulos da dívida pública entretanto emitidos pelo governo inglês para financiar a guerra.
Embora as dívidas públicas então contraídas fossem pequeníssimas em termos tanto absolutos quanto relativos quando em comparação com o que virão a ser as dívidas públicas do futuro, mesmo um leigo de hoje se apercebe que algo poderá vir provavelmente a correr bastante mal quando uma Companhia vocacionada para o comércio gasta a maior parte do seu dinheiro a comprar títulos em vez de o investir na construção de navios e na contratação de tripulações que expandam a sua actividade...
Como de costume, houve quem estivesse bem informado e tivesse realizado lucros de 1000% (como Robert Walpole, que veio a ser Primeiro-Ministro em 1721), mas a estrutura financeira montada pelo Conde de Oxford para sanear as finanças públicas acabou por entrar em colapso e o Governo de Sua Majestade passou por momentos muito desagradáveis… Diga-se, por curiosidade, que o Conde de Oxford foi a primeira pessoa (que eu saiba) a quem enviaram uma encomenda armadilhada: uma caixa de chapéus com um par de pistolas engatilhadas, prontas a disparar à abertura…
Desde os feitos de Francis Drake e outros corsários nos finais do Século XVI, com as suas capturas dos galeões espanhóis das Frotas da Prata, que se havia criado entre o inglês comum a impressão que a América Espanhola era uma fonte de incontáveis tesouros (abaixo). Segundo a opinião dominante, uma Companhia que possuísse o monopólio do comércio entre aquelas regiões e a Inglaterra, aparentava ter um enorme potencial de crescimento, e seria um óptimo investimento...
Do ponto de vista estritamente económico a Companhia dos Mares do Sul foi, ganhando os seus lucros, desempenhando com brio a sua actividade principal que, surpreendentemente, nada tinha a ver com o comércio de todos aqueles minerais e pedras preciosas que faziam sonhar os investidores de Londres: tratava-se do prosaico comércio de escravos e a Companhia assegurava (com eficiência) o fornecimento anual de 4800 escravos africanos para serem vendidos na América espanhola.
Mas o problema que veio a tornar a Companhia famosa era financeiro e estava em Londres… Robert Harley, o Conde de Oxford (abaixo), que seria na altura o equivalente de um Ministro das Finanças tentou montar uma operação no estilo que hoje se chamaria por engenharia financeira, fazendo com que a Companhia dos Mares do Sul, cujas acções eram muito apetecidas, aplicasse uma parcela do seu capital a comprar os títulos da dívida pública entretanto emitidos pelo governo inglês para financiar a guerra.
Embora as dívidas públicas então contraídas fossem pequeníssimas em termos tanto absolutos quanto relativos quando em comparação com o que virão a ser as dívidas públicas do futuro, mesmo um leigo de hoje se apercebe que algo poderá vir provavelmente a correr bastante mal quando uma Companhia vocacionada para o comércio gasta a maior parte do seu dinheiro a comprar títulos em vez de o investir na construção de navios e na contratação de tripulações que expandam a sua actividade...
Como de costume, houve quem estivesse bem informado e tivesse realizado lucros de 1000% (como Robert Walpole, que veio a ser Primeiro-Ministro em 1721), mas a estrutura financeira montada pelo Conde de Oxford para sanear as finanças públicas acabou por entrar em colapso e o Governo de Sua Majestade passou por momentos muito desagradáveis… Diga-se, por curiosidade, que o Conde de Oxford foi a primeira pessoa (que eu saiba) a quem enviaram uma encomenda armadilhada: uma caixa de chapéus com um par de pistolas engatilhadas, prontas a disparar à abertura…
Episódio interessante este. Tal como hoje nem sempre as opções económicas foram as melhores. Então nós, portugueses,a começar no nosso período "áureo" dos descobrimentos, acumulámos muita prática.
ResponderEliminarO pormenor final é muito curioso.
Pelo contrário, as opções financeiras do Conde de Oxford até foram as melhores. Então e hoje, os accionistas é que não podem ser como o Jesus Cristo de Fernando Pessoa, o tal que não percebia nada de finanças nem consta que tivesse biblioteca...
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