05 outubro 2008

NUMBER ONE

O Number One neste caso não é o nosso estimado José Mourinho, mas sim a Islândia. Aquele país nórdico, despovoado (320.000 habitantes distribuídos por uma área um pouco maior do que Portugal – 103.000 km²), exótico e misterioso, havia alcançado, a partir de 2007, o primeiro lugar na classificação mundial dos países quando ordenados segundo o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) da ONU, destronando a Noruega.
Na apreciação que o Le Monde dele fazia no seu Balanço Mundial para 2008, ainda havia oportunidade para chamar à Islândia Pequeno Tigre do Atlântico Norte, embora alertasse para o aquecimento da sua economia provocado pela pressão do consumo, que levara a taxa de inflação a atingir os 5,2% em 2007, e que forçara o Banco Central Islandês a subir a sua taxa directora para uns anómalos 13,75%, como medida dissuasora.
Contudo, quem escreveu o relatório respeitante à Islândia, apesar de reconhecer a desaceleração do crescimento económico em 2007 (+1,8% contra os quase 5% nos vários anos anteriores), considerava-o conjuntural (como era a baixa inesperada das quotas de pesca, especialmente a do bacalhau) e reconhecia as bases sólidas da economia islandesa, traduzidas numa taxa de desemprego de 1%. O tom geral era de optimismo.
De repente, as notícias que nos chegam da Islândia, dão-nos a impressão que o paraíso se transformou num inferno mais de acordo com o vulcanismo que grassa na ilha. As autoridades trabalham febrilmente num plano para injectar 10 mil milhões de euros no sistema financeiro para evitar que ele entre em colapso, quando já há depositantes em fila à porta das agências bancárias, para se certificarem da segurança do que possuem.
Os islandeses não estão a passar fome como os sudaneses, embora haja já notícias de quem esteja a açambarcar alimentos, especialmente os importados como azeite e massa, com receio de que o crédito externo da Islândia seja suspenso. Mas embora não seja credível que a Islândia se venha a tornar assim de repente num país do terceiro mundo, esta reviravolta faz-nos reflectir sobre a solidez e a verdade dos indicadores da ONU…

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