Conforme prometera, eis um desenvolvimento sobre uma daquelas fotografias mais simbólicas respeitantes à Guerra do Vietname. A menina da fotografia chama-se Phan Thi Kim Phuc e tinha 9 anos na altura em que a fotografia foi tirada (1972). Neste caso, há duas histórias: uma associada à própria fotografia, outra associada à sua protagonista. Comecemos pela segunda.
Por causa desta fotografia, Kim Phuc foi protegida pelo regime norte-vietnamita depois de 1975, como símbolo vivo das crueldades sobre civis ocorridas durante a guerra do Vietname. Ao abrigo dessa protecção ela foi autorizada a prosseguir os seus estudos em Cuba. Numa dessas viagens, ela acabou por desertar e pedir asilo político no Canadá (1992), onde hoje vive com o marido e dois filhos.
Quanto à fotografia propriamente dita, convém esclarecer que, os uniformes que se vêm ao fundo da fotografia, andando placidamente em contraste com o ritmo de corrida das crianças, parecendo americanos, são de soldados do exército sul-vietnamita. Em Junho de 1972, data da fotografia, a esmagadora maioria do exército norte-americano já havia sido evacuada do Vietname, embora os sul-vietnamitas usassem o mesmo equipamento.
Quanto à fotografia propriamente dita, convém esclarecer que, os uniformes que se vêm ao fundo da fotografia, andando placidamente em contraste com o ritmo de corrida das crianças, parecendo americanos, são de soldados do exército sul-vietnamita. Em Junho de 1972, data da fotografia, a esmagadora maioria do exército norte-americano já havia sido evacuada do Vietname, embora os sul-vietnamitas usassem o mesmo equipamento.
Por outro lado, numa outra versão mais completa da mesma fotografia, nota-se que um dos observadores que contempla passivamente a cena (no canto direito da fotografia, o lado que foi cortado – não por acaso – na sua versão mais difundida…), tem uma câmara fotográfica na mão, o que indicia que a passividade dos intervenientes não se cingia apenas aos soldados combatentes…
É muito provável que Nick Ut, o autor da fotografia famosa, tenha mesmo levado depois as crianças para o hospital, mas também é verdade que a fotografia acima (menos famosa) mostra uma outra realidade, a da sofreguidão de paparazzi dos fotógrafos presentes no local, naquela faceta do jornalismo que se torna inexplicável de tão desumana, quando se notícia o assassinato em vez de tentar deter o assassino ou de tentar socorrer a vítima…
Para além da desumanidade de quem faz a Guerra há também a desumanidade de quem a cobre e isso, compreensivelmente, raramente aparece nas fotografias…
As coisas incríveis que eu aprendo contigo!
ResponderEliminarMas agora, muito seriamente, concordo inteiramente com o teu comentário em relação à crueldade despudorada de quem observa sofregamente estes cenários sem nada fazer para intervir no sentido de minimizar os resultados mais trágicos
Lido assim de repente parece que as coisas incríveis que aprendes comigo não são muito sérias...
ResponderEliminarEstes exemplos fotográficos são apenas os exemplos mais evidentes de distorções jornalísticas: são as faixas laterais que "desaparecem" ou são as fotografias tiradas de um outro ângulo que nos contam uma história completamente diferente da fotografia original...
No jornalismo escrito é muito mais difícil provar o que aqui provei com fotografias, por exemplo que havia factos que eram do conhecimento do redactor do artigo e que ele, convenientemente, se "esqueceu" de mencionar.
Mas não hajam dúvidas algumas de que isso existe...
Não fui lá muito feliz na forma como me exprimi, é verdade, mas são de facto coisas muito sérias as que tenho aprendido contigo. Sobretudo com um grau de minúcia e de preocupação com a exactidão, verdadeiramente notáveis.
ResponderEliminarSó posso cumprimentar-te pelo teu saber ao qual juntas um incrível trabalho de pesquisa.
Continua pois é um blogue que já não dispenso.