Bem Vindo Mr. Chance foi o título escolhido em Portugal para o filme datado de 1980 de Hal Ashby Being There, uma das últimas aparições em filme de Peter Sellers, um filme difícil de classificar quanto ao género. Conta a história de um jardineiro de meia idade, um simples (Sellers), que passara a vida protegido da sociedade e que dela só conhecia o que via na televisão, e que, por morte do seu rico patrão e protector, é largado no mundo com um aspecto distinto por lhe ter herdado as suas roupas…
As circunstâncias levam a que Chance conheça um empresário influente de Washington que, por força da sua aparência e bonomia, interpreta o seu discurso retardado como um sinal de sabedoria profunda, influenciando o seu círculo próximo (incluindo o próprio presidente dos Estados Unidos) quanto aos predicados e virtudes de Chance. É um filme típico de época, cheio das mensagens de significado críptico que então se usavam, a maior das quais é a cena final onde se vê Chance caminhando sobre as águas…
Não sei se terei captado todas as mensagens incluidas no filme, a começar pela do título original… Mas a mais óbvia conclusão que extraí daquele filme é que a avaliação dos méritos de alguém pode ser induzida pela sociedade que nos cerca; e essa indução pode ser tão forte que nos leve a considerar como muito valioso algo que, afinal, é de uma banalidade extrema… Sempre me pareceu uma atitude salutar alhear-me do barulho de fundo quando me surgem dúvidas fundadas sobre os méritos propagados de alguém.
Creio que os casos reais não serão de uma evidência caricatural como acontecia com aquele caso de Chance, the gardener* que fora promovido a Chauncey Gardner, o analista filósofo… Mas suspeito que uma grande parte da responsabilidade da notoriedade de pessoas que dizem e escrevem coisas interessantíssimas como Pedro Arroja (por exemplo) não seja apenas dos próprios, mas também de quem os trata com a mesma deferência demonstrada pelos membros do círculo de admiradores das palavras balbuciadas por Chance… Como Chance, Arroja é mais uma silhueta do que uma figura, o interior parece ser criado por outros...
* Chance, o jardineiro
Não sei se terei captado todas as mensagens incluidas no filme, a começar pela do título original… Mas a mais óbvia conclusão que extraí daquele filme é que a avaliação dos méritos de alguém pode ser induzida pela sociedade que nos cerca; e essa indução pode ser tão forte que nos leve a considerar como muito valioso algo que, afinal, é de uma banalidade extrema… Sempre me pareceu uma atitude salutar alhear-me do barulho de fundo quando me surgem dúvidas fundadas sobre os méritos propagados de alguém.
Creio que os casos reais não serão de uma evidência caricatural como acontecia com aquele caso de Chance, the gardener* que fora promovido a Chauncey Gardner, o analista filósofo… Mas suspeito que uma grande parte da responsabilidade da notoriedade de pessoas que dizem e escrevem coisas interessantíssimas como Pedro Arroja (por exemplo) não seja apenas dos próprios, mas também de quem os trata com a mesma deferência demonstrada pelos membros do círculo de admiradores das palavras balbuciadas por Chance… Como Chance, Arroja é mais uma silhueta do que uma figura, o interior parece ser criado por outros...
* Chance, o jardineiro
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