05 outubro 2007

OS PRETENDENTES

Quando, como actualmente, se anda à procura de elementos comuns da identidade europeia, neste dia 5 de Outubro é curial recordar que, com excepções reduzidas (a Suíça, a Irlanda ou a Finlândia), os países europeus que são repúblicas também têm os seus pretendentes ao trono, porque já foram monarquias no passado. A França, tradicionalmente ainda mais esplendorosa nestas cenas pomposas, destaca-se por ter, não um, mas três pretendentes ao trono(*)! A faceta menos canónica para um europeísmo ortodoxo à Teresa de Sousa é que até a Turquia e o Egipto têm pretendentes ao trono…
Nesse riquíssimo universo de monarcas-a-fingir-de-conta, que servem sobretudo para encher de fotografias as páginas das revistas cor-de-rosa mas para bem pouco mais, embora haja por lá curiosidades interessantes, como um pretendente (ao trono da Albânia) com o improvável nome de Leka (acima…), a força das pretensões de Duarte Pio de Bragança (abaixo) ao trono português situa o nosso país, infelizmente e como acontece com muitos outros indicadores mais importantes, também na cauda da Europa… É que Manuel II, o último monarca efectivo, que foi deposto faz hoje 97 anos, teve a infelicidade (para a causa) de falecer sem ter descendência em 1932.
As pretensões ao trono português passaram para uma linhagem colateral que esteve sedeada por mais de um século na Áustria, e que ia buscar as suas origens à pessoa de um chefe de facção da Guerra Civil (1828-34), considerado monarca por uma das partes e usurpador pela outra (Miguel I). Aliás, a seriedade que Manuel II atribuiria às pretensões do primo (Duarte Nuno, pai do actual pretendente) pode ser percebida no facto de, tendo-lhe transmitido em testamento os seus direitos hereditários, transmitiu pela mesma via, a sua apreciável fortuna a uma Fundação especialmente constituída para o efeito.
Se alguma interpretação há para este gesto é que nem sequer o ex-monarca levou as pretensões dos primos a sério… Actualmente, só mesmo certa imprensa (como a de cima) para lamentar e colmatar essa nossa lacuna: pois se até a Albânia tem pretendente ao trono… Pena é que, aparentemente, nem as raínhas da televisão já acreditem neles...

(*) Das Casas Reais Legitimista (os Bourbons) e Liberal (os Orléans) e da Casa Imperial (os Bonapartes).

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