Zsa-Zsa Gabor é uma actriz de cinema, de origem húngara, que tinha uma aparência de boneca mas que hoje tem uma provecta idade (era daquelas que aldrabava a idade, só vale dizer que, quando ela nasceu, ainda havia Império Austro-Húngaro…) e que alcançou a celebridade, não pela sua carreira medíocre, mas pelos oito (ou nove…) casamentos que protagonizou ao longo da sua vida. Não se conclua daqui que uma vida sentimental muito agitada seja equivalente à mediocridade: Elizabeth Taylor, cujos méritos como actriz são inquestionáveis, coleccionou outros oito casamentos – embora com uma repetição*…
Mas o que tornou os casamentos de Zsa-Zsa únicos e memoráveis, além da possível compulsão genética para os realizar (entre ela e as suas duas irmãs Eva e Magda, coleccionaram-se 20 casamentos!...), era o ridículo do ar virginal e do vestido branco que Zsa-Zsa envergava repetidamente nas cerimónias (enquanto a natureza e a cirurgia plástica permitiram que tal fosse possível…), como se não houvesse memória da sua fúria casamenteira… Talvez a melhor síntese a vá buscar a um desses artigos cor-de-rosa espanhóis, a pretexto das memórias de Zsa-Zsa: hoy ya no quedan cazafortunas; lo que hay son putas… É uma questão da nomenclatura de cada época, acrescentaria eu…
O que, improvavelmente, Zsa-Zsa parece compartilhar com os protagonistas maiores da política portuguesa, é o descaramento de pretender tratar quem os circunda por amnésicos… Começa no exemplo de Cavaco Silva ao produzir um discurso contundente (mas importante) sobre as falhas do sistema educativo, parecendo esquecer-se que ele próprio teve a responsabilidade durante dez anos para executar – pelas pessoas que escolhesse – as suas concepções sobre educação**. Continua no exemplo de José Sócrates a ufanar-se, nas inaugurações das vias rápidas lisboetas, por ser o seu governo a ter que terminar uma obra cuja falta de cumprimento dos prazos o escandaliza, parecendo esquecer-se que a falta começara em 1998, precisamente com o governo do seu partido de que ele próprio fizera parte***…
A analogia tem de acabar, porque Zsa-Zsa sempre foi considerada uma tontinha, e é suposto (e conveniente) que Cavaco e Sócrates sejam levados a sério. Mas creio que têm de manifestar reciprocidade com a memória de quem lhes presta atenção. E, sobretudo, não se deve menosprezar a importância que os dois desempenham como exemplos da prática política portuguesa. Se ambos procedem assim, que moralidade criam na sociedade para que se critiquem figuras como Paulo Portas, que aparecem de regresso (como se viu no programa Prós & Contras da RTP de dia 8), dois anos passados, vestido branco e bouquet na mão, como se nada se tivesse passado e nunca tivessem tido responsabilidades governativas?...
* Com Richard Burton
** Como assinala Maria Filomena Mónica em artigo no Público de dia 11.
*** Recorde-se que as vias deviam ter ficado todas completas para a abertura da Expo 98…
O que, improvavelmente, Zsa-Zsa parece compartilhar com os protagonistas maiores da política portuguesa, é o descaramento de pretender tratar quem os circunda por amnésicos… Começa no exemplo de Cavaco Silva ao produzir um discurso contundente (mas importante) sobre as falhas do sistema educativo, parecendo esquecer-se que ele próprio teve a responsabilidade durante dez anos para executar – pelas pessoas que escolhesse – as suas concepções sobre educação**. Continua no exemplo de José Sócrates a ufanar-se, nas inaugurações das vias rápidas lisboetas, por ser o seu governo a ter que terminar uma obra cuja falta de cumprimento dos prazos o escandaliza, parecendo esquecer-se que a falta começara em 1998, precisamente com o governo do seu partido de que ele próprio fizera parte***…
A analogia tem de acabar, porque Zsa-Zsa sempre foi considerada uma tontinha, e é suposto (e conveniente) que Cavaco e Sócrates sejam levados a sério. Mas creio que têm de manifestar reciprocidade com a memória de quem lhes presta atenção. E, sobretudo, não se deve menosprezar a importância que os dois desempenham como exemplos da prática política portuguesa. Se ambos procedem assim, que moralidade criam na sociedade para que se critiquem figuras como Paulo Portas, que aparecem de regresso (como se viu no programa Prós & Contras da RTP de dia 8), dois anos passados, vestido branco e bouquet na mão, como se nada se tivesse passado e nunca tivessem tido responsabilidades governativas?...
* Com Richard Burton
** Como assinala Maria Filomena Mónica em artigo no Público de dia 11.
*** Recorde-se que as vias deviam ter ficado todas completas para a abertura da Expo 98…
Uma senhora conta a uma amiga que a filha é dactilógrafa e teve muita sorte pois arranjou um patrão que lhe ofereceu um "vison", um carro, jóias, etc.
ResponderEliminarE a tua filha? - pergunta por sua vez.
A amiga responde:
- A minha filha também é puta, não sabe é escrever à máquina.
Honni soit qui mal y pense...
Quase 50 anos depois das irmãs Gabor, das terras da mesma Hungria, revelou-se uma outra cidadã húngara, também loura platinada, também má actriz, de seu nome Staller.
ResponderEliminarMas creio que essa não casou muitas vezes, embora uma das suas imagens de marca fosse um vestido branco, como os de noiva...
Igualmente de origem húngara é Nicolas Sarkosy que foi presidente da Câmara de Neuilly.
ResponderEliminarNessa condição, celebrou o casamento civil entre Jacques Martin, homem de televisão, e uma tal Cecília que é hoje Mme Sarkosy.
Jacques Martin morreu há poucas semanas.