13 de Fevereiro de 1920. A pouco mais de um ano do fim do seu segundo mandato o presidente norte americano Woodrow Wilson (1856-1924) demite sem quaisquer cerimónias o seu secretário de Estado Robert Lansing (1864-1928). Dois dias antes, Wilson pedira a Lansing que se demitisse por sua própria iniciativa. Lansing, porém, mostrou-se renitente, já que ele era a figura de maior destaque da administração a defender a posição que o presidente deveria ser substituído no cargo pelo vice-presidente Marshall, depois de Wilson ter sofrido uma apoplexia quatro meses antes. Debilitado e semi paralisado, todos os contactos com o presidente passaram a ser centralizados pela mulher Edith, e as relações funcionais entre os membros seniores da administração ressentiram-se disso. As cartas em que Wilson solicitava a demissão de Lansing eram de uma frontalidade tão agressiva e tão diferente da sua conduta política passada, que apenas reforçavam as suspeitas de que o presidente era agora um mero peão da vontade da mulher: «Sinto que é o meu dever aceitar a sua resignação. (...) Estou extremamente desapontado (...) poupar-nos-ia a um embaraço, senhor secretário, se abandonasse o seu actual cargo e me concedesse a oportunidade se escolher alguém para o ocupar cujas opiniões se ajustem mais àquilo que eu penso.» Era um pretexto: ao longo dos seus dois mandatos, Wilson sempre desenvolvera a sua política externa pessoal, ignorando altaneiramente a actividade do departamento de Estado. Os dois homens nunca haviam sido próximos (não encontrei nenhuma fotografia on-line dos dois, apenas este desenho acima) e que a questão principal em causa era a da lealdade política percebe-se pela escolha do sucessor de Lansing, Bainbridge Colby, alguém que não percebia nada de política externa, mas que era de uma devoção quase canina a Wilson. Mas coisa outra é questionar a legitimidade do presidente americano em despedir quem lhe apetecer. Wilson, apesar de balhelhas (ainda chegou a equacionar a hipótese de concorrer a um terceiro mandato e encarregou Bainbridge Colby de iniciar a corrida presidencial!), tinha toda a legitimidade de despedir Lansing, assim como hoje, cem anos passados, Trump possui essa mesma legitimidade de despedir quem ele quiser da sua administração. E de a ter preenchida quase só com pessoas com o perfil de Bainbridge Colby. Não vale a pena porem-se com censuras: quem é que os mandou, aos americanos, elegerem-no para a Casa Branca? Agora aguentem-se.
Sem comentários:
Enviar um comentário