14 fevereiro 2020

O PONTO AZUL-CLARO

14 de Fevereiro de 1990. É a data em que foi tirada a fotografia acima. O pontinho no meio do negro envolvente é o planeta Terra, observado a uma distância um pouco superior a 6 mil milhões de quilómetros, o equivalente a 40,5 Unidades Astronómicas (a distância média da Terra ao Sol). A autora da fotografia foi a sonda Voyager 1, naquela altura já há vários anos reformada da sua missão principal aos planetas Júpiter (1979) e Saturno (1980). Terá sido ideia do astrónomo Carl Sagan a utilização das câmaras de bordo, ainda operacionais, para realizar esta fotografia, não pela sua valia científica (nula), mas pelo seu valor simbólico, da nossa pequenez perante o Cosmos.
A fotografia celebrizou-se com o nome de O Ponto Azul-Claro (Pale Blue Dot, no original*) e foi esse mesmo título que Sagan adoptou para o livro que publicou alguns anos depois (acima, a versão portuguesa, publicada pela Gradiva, data de 1995), onde a primeira história do primeiro capítulo - intitulado você está aqui - é precisamente a desta fotografia, feita há precisamente trinta anos. Ali se lê que a transmissão para a Terra dos 640 000 pixels que contém cada uma das 60 fotografias então feitas, demorou depois três meses e meio a recuperar, porque cada um desses pixels, mesmo viajando à velocidade da luz, demorava mais de cinco horas e meia a cá chegar.
* Um exemplo de que as traduções da Wikipedia podem ser de uma mediocridade confrangedora é ver que a entrada sobre este assunto tem o título de «Pálido Ponto Azul»...

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