É uma pena que países que tomamos por referência (como será neste caso concreto, o exemplo dos Estados Unidos) não estejam tão desenvolvidos quanto Portugal para possuírem, também eles, uma figura mediática como Teodora Cardoso, o Conselho de Finanças Públicas, os comentários técnicos sempre avinagrados (quando não despeitados) da sua presidente e um jornal como o Observador para promover regalado tudo isso (acima). Nos Estados Unidos, aquele que poderemos considerar um órgão que se assemelhará ao nosso Conselho de Finanças Públicas, o Congressional Budget Office, acabou de publicar o seu relatório com as perspectivas de evolução do défice federal norte-americano. O documento é extenso mas o gráfico abaixo sintetizará a principal conclusão: caso não se faça nada, antecipa-se um decénio (2020-30) em que os défices nos Estados Unidos rondarão os 5% do PIB (assinalado abaixo a vermelho). E, quase será desnecessário dizê-lo, esse défice tem vindo a aumentar durante estes três últimos anos da administração Trump: 3,5% (2017), 3,9% (2018) e 4,7% (2019). É o que diz o sentido descendente da setinha cor-de-laranja do gráfico. Claro que, durante a campanha de 2016, Donald Trump prometera precisamente o contrário: reduzir o défice. Aliás, ele até prometera gerar superavites elevados que eliminariam toda a dívida pública federal em oito anos! Claro que, quem percebesse o mínimo do assunto, levava-o à conta de uma palhaçada e, de resto, o que é que Donald Trump não prometeu nessa altura? A chatice, especialmente para os americanos, é que eles próprios depois elegeram o palhaço...
O que nos traz de volta ao assunto principal deste poste, o escrutínio que a opinião publicada nos Estados Unidos vem fazendo ao cumprimento das promessas do tal palhaço, Donald Trump, nomeadamente quanto a este caso concreto de (in)disciplina orçamental. Publicado o mês passado, o relatório e o assunto estiveram muito longe de constituir o principal filme em cartaz. Fará falta aos Estados Unidos a existência no Congressional Budget Office de uma figura ranzinza como a nossa estimada Teodora Cardoso. E faz falta, também e sobretudo, de um órgão de comunicação social como o Observador, que se disponibilize para ser o amplificador de todas e quaisquer críticas que ela faça à actuação do executivo - executivo que, no caso da América, é a administração Trump. Este último bem se pode queixar de Nancy Pelosi e dos media do país dele, mas isso é porque ele não conhece Teodora Cardoso, nem o escrutínio rigoroso do nosso mais famoso jornal on-line...
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