04 fevereiro 2020

UM CINQUENTENÁRIO LEMBRANDO QUE A CEE NUNCA TEVE O PASSADO IDÍLICO QUE HOJE SE EVOCA

4 de Fevereiro de 1970. O reverenciado Tratado de Roma já estava em vigor há mais de doze anos quando os ministros dos seis países originais conseguiram alcançar um acordo para a livre circulação de um produto agrícola tão prosaico quanto o vinho. Como de costume, num mecanismo que Portugal virá a conhecer por dentro, as regras de excepção da CEE aplica(va)m-se a quase todos os produtos onde, pela própria natureza do clima, os países meridionais têm vantagens comparativas na sua produção, produzindo em melhor qualidade e preço do que os países do Norte da Europa. Neste caso do vinho, e numa CEE ainda restrita aos seis membros originais, era - naturalmente - a Itália que se queixava do proteccionismo de franceses e alemães e que à época aproveitara o desejo dos parceiros em aprovar um novo regulamento financeiro para a agricultura, para fazerem uma chantagem descarada. Bem sucedida para o comércio do vinho e prometida para o do tabaco. O edifício europeu está edificado sobre uma data de golpadas do mesmo género e é por isso que dá pena que o Reino Unido, que tantas golpadas deu, desperdice agora esse capital abandonando a organização.

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