Luís Napoleão Bonaparte (1808-1873), mais conhecido por Napoleão III, Imperador dos franceses desde 1852, numa fotografia tomada em 1857, onde ele, aos 49 anos, já goza do estatuto imperial. Contudo, talvez porque a fotografia fosse então só uma técnica e estivesse ainda na infância da arte, aquilo que resulta não beneficia particularmente a augusta figura: o elaborado bigode, que deveria terminar em duas agulhas laterais, aparece assimétrico, a barbicha, descomposta, lembra algodão desfeito, e o cabelo mostra-se empastado com umas pontas rebeldes, curiosamente reminiscente do estilo hoje popularizado por Donald Trump. Mas é o olhar e os olhos de Luís Napoleão que tornam a fotografia mais interessante, porque vão contra os cânones da representação das grandes figuras históricas dessa segunda metade do Século XIX. No olhar, apontado à objectiva, adivinha-se um tédio cansado e os olhos, apesar da fotografia ser a preto e branco, adivinham-se de um azul claro, uma surpresa para quem ia buscar a sua legitimidade hereditária aos Bonaparte, a uma família oriunda de um local emblemático da Europa meridional, mediterrânica e de tez escura, como é o caso da ilha da Córsega.
A fotografia não faz milagres... Ou ainda não fazia, nesse tempo.
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