17 fevereiro 2020

A AMÉRICA SOZINHA

Esta capa da revista Time já tem dois anos. E, no curto video abaixo, o secretario de Estado americano Mike Pompeo aplica-se a enfatizar, ainda bem recentemente, em Munique, quanto «a morte da aliança transatlântica é um exagero grosseiro, que o Ocidente está a ganhar, e que nós estamos a ganhar colectivamente, que o estamos a fazer em conjunto». Bem podiam os americanos ter espalhado previamente uns entusiastas pela sala para servirem de estopins para a espectável salva de palmas que deveria acolher esta empenhada profissão de fé na Aliança Atlântica. Mas não: o que as imagens mostram é que discurso foi acolhido com um circunspecto silêncio, bem simbólico da actualidade internacional. Para a audiência presente, o discurso não os tinha por destinatários, antes o patrão de Pompeo. Mesmo não tendo sido Donald Trump a desencadear a dissociação cada vez mais acentuada entre os objectivos estratégicos dos americanos e os dos seus aliados da NATO, deve-se-lhe a ele este novo manual de (falta de) etiqueta e de más maneiras em cimeiras internacionais. Em graus necessariamente distintos, discordar publicamente deles e ser-se grosso para com os americanos é algo que parece repercutir-se bem entre as opiniões públicas e publicadas domésticas de muitos países europeus.

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