Ficou prometido mais abaixo que eu tornasse a falar dos membros do Bando dos Quatro. Seriam quatro no Bando porque o número 4 (四) costuma ser um número aziago na cultura chinesa – o número foi escolhido propositadamente por se adaptar melhor ao sound bite, muitos anos antes desse mesmo conceito se ter tornado conhecido a Ocidente... Na realidade, o Bando que cavalgou a onda da Revolução Cultural chinesa (1966-1976) e se apoderou do cargos mais poderosos com o consentimento e a anuência tácita de Mao Zedong, se de um Bando se tratou, teve muito mais membros, mas não valerá a pena mencioná-los a todos para não aumentar a confusão de identificar quem é quem neste poste…
É que, se Jiang Quing, a viúva de Mao, terá sido indiscutivelmente a figura principal do tal Bando aziago de 4, se observarmos o cartaz acima, que data precisamente do período aúreo da Revolução Cultural (Agosto de 1967), apercebemo-nos como a sua pessoa, aparecendo no extremo direito do cartaz, não passará de uma figura secundária, de um mero instrumento das intenções do marido, como ela sempre disse quando foi julgada. Da esquerda para a direita aparecem-nos Kang Sheng (1898-1975), Zhou Enlai¹ (1898-1976), Mao Zedong (1893-1976), Lin Biao¹ (1907-1971), Chen Boda (1904-1989) e só então Jiang Quing (1914-1991). Naquele cartaz ficam a faltar três do Bando dos Quatro…
Se calhar porque não deviam ter sido assim tão importantes... até à altura de arranjar culpados. Um denominador comum aos três, Zhang Chunqiao (1917-2005), Yao Wenyuan (1931-2005) e Wang Hongwen (1935-1992) – tal qual aparecem acima, da esquerda para a direita – é o facto de terem a sua base política na cidade de Xangai. Eles, de facto, eram um clã, apesar de não ser muito frequente que as análises políticas sobre os comunistas chineses incluam as rivalidades geográficas como factores importantes nas suas lutas internas. Mas não será porque o marxismo lhes atribui uma importância menor que elas não deixam de ser importantes. Xangai (abaixo, uma fotografia actual) já então era a maior rival de Pequim…
E o clã de Pequim, quando retomou firmemente o poder em 1976 não terá perdoado aos de Xangai... Mas um outro factor que terá contribuído para a sua selecção para os julgamentos como culpados pelos desmandos da Revolução Cultural, especialmente no caso dos dois primeiros, foi o facto de não se tratarem de membros do aparelho mas sim de intelectuais que acabaram por assumir o papel de ideólogos da disputa política dentro do partido, o que lhes deu uma imensa utilidade no auge da Revolução Cultural, mas sem que adquirissem qualquer popularidade nem cumplicidades que os pudessem salvar na fase que se lhe seguiu… Foi assim que os três se viram embrulhados num pacote que os associava a Jiang Quing, que perdera o poder político com a morte de Mao.
¹ Já aqui havia escrito no blogue alguns tópicos sobre Zhou Enlai e Lin Biao.
É que, se Jiang Quing, a viúva de Mao, terá sido indiscutivelmente a figura principal do tal Bando aziago de 4, se observarmos o cartaz acima, que data precisamente do período aúreo da Revolução Cultural (Agosto de 1967), apercebemo-nos como a sua pessoa, aparecendo no extremo direito do cartaz, não passará de uma figura secundária, de um mero instrumento das intenções do marido, como ela sempre disse quando foi julgada. Da esquerda para a direita aparecem-nos Kang Sheng (1898-1975), Zhou Enlai¹ (1898-1976), Mao Zedong (1893-1976), Lin Biao¹ (1907-1971), Chen Boda (1904-1989) e só então Jiang Quing (1914-1991). Naquele cartaz ficam a faltar três do Bando dos Quatro…
Se calhar porque não deviam ter sido assim tão importantes... até à altura de arranjar culpados. Um denominador comum aos três, Zhang Chunqiao (1917-2005), Yao Wenyuan (1931-2005) e Wang Hongwen (1935-1992) – tal qual aparecem acima, da esquerda para a direita – é o facto de terem a sua base política na cidade de Xangai. Eles, de facto, eram um clã, apesar de não ser muito frequente que as análises políticas sobre os comunistas chineses incluam as rivalidades geográficas como factores importantes nas suas lutas internas. Mas não será porque o marxismo lhes atribui uma importância menor que elas não deixam de ser importantes. Xangai (abaixo, uma fotografia actual) já então era a maior rival de Pequim…
E o clã de Pequim, quando retomou firmemente o poder em 1976 não terá perdoado aos de Xangai... Mas um outro factor que terá contribuído para a sua selecção para os julgamentos como culpados pelos desmandos da Revolução Cultural, especialmente no caso dos dois primeiros, foi o facto de não se tratarem de membros do aparelho mas sim de intelectuais que acabaram por assumir o papel de ideólogos da disputa política dentro do partido, o que lhes deu uma imensa utilidade no auge da Revolução Cultural, mas sem que adquirissem qualquer popularidade nem cumplicidades que os pudessem salvar na fase que se lhe seguiu… Foi assim que os três se viram embrulhados num pacote que os associava a Jiang Quing, que perdera o poder político com a morte de Mao.
¹ Já aqui havia escrito no blogue alguns tópicos sobre Zhou Enlai e Lin Biao.
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