
Com a perspectiva de as revender depois à Porsche, o valor das acções da VW chegou a mais do que triplicar em dois dias, chegando a ultrapassar a barreira dos mil euros¹ e fazendo com que a empresa chegasse a ter sido, por algumas horas e pelo critério da capitalização bolsista², a maior empresa do Mundo! Em suma, apesar da Porsche ter vindo desmentir a notícia sobre as suas intenções, terá havido quem, aproveitando-a, pudesse ter triplicado ou quadruplicado o seu investimento num punhado de dias… Nunca se veio a saber se fora esse o caso e, sendo, quem o desencadeara... E vale a pena acrescentar que estas operações se passaram na civilizadíssima Bolsa de Frankfurt e não num qualquer país dos PIGS da Europa…

A coisa prendia-se com um projecto de concentração de instalações da PT que havia sido anunciado há coisa de uns dois anos, e a crítica de José Pacheco Pereira dirigia-se à imprensa económica que então embarcara na notícia, notícia essa que o tempo veio a revelar não ter tido seguimento e, deduzia-se ali, não ter passado de um expediente para melhorar a posição contratual da PT face aos diversos senhorios dos imóveis que ocupava (e ainda ocupa). É Marcelo Rebelo de Sousa em todo o seu esplendor… Em primeiro lugar porque, como descrevi mais acima no poste numa escala incomensuravelmente superior, as operações de manipulação da imprensa são coisas banais, dir-se-ia mesmo inerentes a certos negócios…

Em terceiro lugar e em termos de racionalidade de negócio, nem sequer haveria a garantia que a ameaça do abandono do imóvel pelo inquilino naquelas circunstâncias se tranformasse uma vantagem negocial para ele: do outro lado, haveria quem pensasse – eu, com a minha formação, pensaria… – que a redução do preço das rendas naquele caso seria irrelevante para a decisão final por parte da PT... José Pacheco Pereira usou no programa o pretexto das notícias plantadas no jornal para falar deste assunto, mas é assunto sobre o qual, visivelmente, nunca percebeu nada. Só ali aparece, na minha opinião, porque o administrador da PT nele envolvido se chama Rui Pedro Soares³ e com isso ele pretender atingir – mais uma vez e de todas as formas e feitios que puder… – José Sócrates.

¹ Para estabelecer uma proporção, enquanto escrevo as acções da VW têm estado a ser transaccionadas em Frankfurt a um pouco mais de 70 €…
² É o que resulta da multiplicação a cotação em bolsa da acção pelo número de acções existentes.
³ Convêm esclarecer que tendo a não acreditar na validade de carreiras ascensionais meteóricas como a de Rui Pedro Soares, a não ser nos casos de pessoas geneticamente geniais como Paulo Azevedo, filho de Belmiro ou Francisco Maria Balsemão, filho de Francisco Pinto.
«Rui Pedro Soares, ex-administrador executivo da PT, desdobrou-se em declarações e iniciativas em 2007 e 2008 para criar no mercado imobiliário a ideia de que a empresa ia centralizar quase todos os seus serviços num único local - projecto denominado Cidade PT. O objectivo, admitiu o próprio ao PÚBLICO, era levar os senhorios dos edifícios de que a empresa é arrendatária em Lisboa "a baixar as rendas".
ResponderEliminarA operação, porém, tem um lado especialmente obscuro, que envolve a Taguspark e uma proposta de negócio de mais de 170 milhões de euros dirigida a Rui Soares - que a administração da PT garante nunca ter conhecido.
A ideia do jovem gestor terá tido óptimos resultados. Rui Soares, que tinha o pelouro do imobiliário na PT e a representava na Taguspark SA, recorda que estava a renegociar os contratos de arrendamento quando deu a primeira entrevista sobre a Cidade PT. Logo a seguir, garante, conseguiu que os senhorios [receosos de perder um cliente de peso] baixassem as rendas, nalguns casos em 50 por cento, com poupanças de milhões de euros anuais para a empresa.»
http://jornal.publico.clix.pt/noticia/26-02-2010/cidade-pt-foi-lancada-para-baixar-rendas-da-empresa-18880850.htm
Se não se importa, António da Silva Brandão, embora eles só muito remotamente tenham a ver um com o outro, faça-me o favor recíproco de ir afixar o meu poste à caixa de comentários da notícia do Público a que aqui faz referência...
ResponderEliminarObrigado, meu caro.O "Herdeiro de Aécio" é, na verdade, uma cátedra.
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