26 março 2010

VILLA, ZAPATA E OS OUTROS QUE TAMBÉM MORRERAM CALÇADOS

O período que acabou designado por Revolução Mexicana e que, iniciado em 1910, se prolongou pelos 20 anos seguintes, mais não passou do que uma prolongada Guerra Civil em que se confrontaram múltiplas facções num jogo muito fluído de alianças frágeis entre essas facções. Dos vários dirigentes que a Revolução produziu, os que se tornaram mais conhecidos no estrangeiro foram Pancho Villa e Emiliano Zapata, especialmente depois de se tornaram (nomeadamente o primeiro) personagens de filme. Porém, na história das Revoluções, dificilmente encontraremos personalidades tão contrastantes quanto as dos dois revolucionários, aliados ocasionais, ambos hoje presenças indicutíveis no panteão mexicano.
A fotografia acima foi tirada em Dezembro de 1914 (a Europa acabara de imergir em plena Primeira Guerra Mundial…), no Salão Nobre do Palácio Nacional do México, depois das colunas revoltosas dos dois, conjuntamente com as de mais alguns aliados terem acabado de conquistar a capital. Significativamente, é Villa que, numa pose exuberante, se deixa fotografar usurpando a cadeira presidencial, enquanto Zapata, acompanhado do seu tradicional sombrero pousado nos joelhos, parece assumir uma atitude mais discreta. A vitória dos revoltosos veio mais tarde a ser celebrada com um banquete no Palácio que, milagre das técnicas modernas, até foi filmado! - podemos ver as imagens abaixo.

Apesar de ambos serem oriundos de meios sociais humildes, o filme dos dois líderes a comer rodeados de um luxo a que não estariam habituados reforça a ideia do contraste entre a exuberância de Villa e a reserva timorata de Zapata. Para além dos caracteres, os seus objectivos políticos e estilos eram muito diferentes e os seus percursos não tardariam a divergir, embora os seus destinos acabassem por ser idênticos… Voltando à fotografia mais acima e aos quatro líderes que aparecem sentados (da esquerda para a direita): Tómas Urbina foi assassinado em 1915, Pancho Villa em 1923, Emiliano Zapata em 1919 e Otilio Montaño (de cabeça enfaixada) executado em 1917. Todos morreram calçados

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