Na História de Portugal há um momento simbólico de antecipação à transferência de poder de uma geração para outra que virá a ter lugar com a Revolução de 25 de Abril de 1974. O episódio teve lugar há 36 anos atrás (a fotografia acima foi retirada duma edição do Expresso publicada precisamente em 16 de Março de 1974) e consistiu numa apresentação de cumprimentos (há quem o qualifique de beija-mão...) ao Presidente do Conselho Marcello Caetano por todas as altas patentes militares. Os vencedores do 25 de Abril baptizaram depois os intervenientes nesse episódio de Brigada do Reumático e nunca se cansaram de evocar a substituição geracional produzida pela Revolução, como o fez Otelo Saraiva de Carvalho no vídeo abaixo:
Porém, fazendo as contas, na época dos acontecimentos Marcello Caetano tinha 67 anos e o General Paiva Brandão, que era o oficial general mais antigo da Brigada e que por isso falou em nome dela, tinha 61. Entre os grandes ausentes dessa cerimónia, Francisco Costa Gomes tinha 59 e António de Spínola 63 anos. E mesmo Jaime Silvério Marques, que vemos no vídeo acima a presidir à cerimónia da graduação de Otelo em Brigadeiro e a engolir com um sorriso amarelo o discurso irónico do empossado, tinha à data 60 anos. É bem verdade que, desde aquela época para cá a longevidade aumentou, mas confesso-vos que ontem dei por mim a associar a tal efeméride dos generais com os convidados mais em destaque do programa Prós e Contras.
É que o programa teve por tema Novos Horizontes, mas a produção entendeu por bem dar destaque às presenças nele de Eduardo Lourenço e de José Gil. Ora vale a pena recordar que ainda recentemente foi notícia a última aula do segundo, quando se reformou por ter atingido o limite de idade de 70 anos. Quanto a Eduardo Lourenço, tem 86 anos. Não estará de todo em causa o mérito das suas obras, mas é de duvidar delas serem inéditas, essenciais num programa que pretendia olhar para horizontes novos… Simbolicamente, a dada altura, Eduardo Lourenço afirmou, que 50 anos atrás uma potência europeia (a Alemanha) declarara guerra ao Mundo. Ora a Segunda Guerra Mundial começou em 1939 – há 70 anos…
Por caso, os 20 anos do lapso, poderão tornar-se uma boa estimativa do tempo transcorrido depois da componente inovadora da obra de Eduardo Lourenço se ter acabado… Mas a culpa será nossa se, para além de as venerar como elas decerto merecerão, continuarmos a levar estas figuras a sério... O seu tempo já passou. Não só no campo da filosofia, como também no da política nacional (Mário Soares – 85 anos), do cinema (Manoel de Oliveira – 101 anos), da literatura (José Saramago – 87 anos), da política internacional (Adriano Moreira – 87 anos) ou da economia (Medina Carreira – 79 anos e Silva Lopes – 77 anos). Será um paradoxo se o regime saído do 25 de Abril caia no impasse intelectual de uma nova Brigada do Reumático…
É que o programa teve por tema Novos Horizontes, mas a produção entendeu por bem dar destaque às presenças nele de Eduardo Lourenço e de José Gil. Ora vale a pena recordar que ainda recentemente foi notícia a última aula do segundo, quando se reformou por ter atingido o limite de idade de 70 anos. Quanto a Eduardo Lourenço, tem 86 anos. Não estará de todo em causa o mérito das suas obras, mas é de duvidar delas serem inéditas, essenciais num programa que pretendia olhar para horizontes novos… Simbolicamente, a dada altura, Eduardo Lourenço afirmou, que 50 anos atrás uma potência europeia (a Alemanha) declarara guerra ao Mundo. Ora a Segunda Guerra Mundial começou em 1939 – há 70 anos…
Por caso, os 20 anos do lapso, poderão tornar-se uma boa estimativa do tempo transcorrido depois da componente inovadora da obra de Eduardo Lourenço se ter acabado… Mas a culpa será nossa se, para além de as venerar como elas decerto merecerão, continuarmos a levar estas figuras a sério... O seu tempo já passou. Não só no campo da filosofia, como também no da política nacional (Mário Soares – 85 anos), do cinema (Manoel de Oliveira – 101 anos), da literatura (José Saramago – 87 anos), da política internacional (Adriano Moreira – 87 anos) ou da economia (Medina Carreira – 79 anos e Silva Lopes – 77 anos). Será um paradoxo se o regime saído do 25 de Abril caia no impasse intelectual de uma nova Brigada do Reumático…
Só aqui neste post acabaste de desenhar um paradigma das ultimas décadas. As gerações sucedem-se na luta, conquista e manutenção do POder.Não dão nada a qem chega e tentam tirar tudo a quem parte. E nós (ge,ge) ursos acossados pelos ventos da História, por opção ou condenação, andámos uma vida inteira a "ver a banda passar". Quem não toca a música da pauta instalada não entra na orquestra. Eis (mais uma) a Geração do Vazio. Sem intervenção nem responsabilidades. Apenas certa e segura do que não queria. Achei que devia dizer isto...
ResponderEliminarAtenção ao que se escreve. Na cerimónia de graduação em brigadeiro do major Otelo Saraiva de Carvalho, foi o general JAIME Silvério Marques que presidiu e, aliás, nem engoliu - porque ripostou - a ironia de Otelo. Assisti a isso pela TV. O texto confunde o general com o irmão, o gen. SILVINO Silvério Marques, que era, à data, o último Governador-Geral de Angola, para lá mandado pela Junta (de "Salvação Nacional") e que foi substituído pelo inefável Rosa Coutinho, o "almirante vermelho", já na qualidade de Alto Comissário.
ResponderEliminarTem factualmente toda a razão: trata-se de facto de Jaime e não de Silvino Silvério Marques, e já corrigi (endossando-lhe os meus agradecimentos) o texto. Quanto à questão substantiva do “poste”, a das idades dos intervenientes, se Silvino tinha 56 anos à data dos acontecimentos, o seu irmão mais velho Jaime tinha 60, o que não contraria, aliás acentua, aquilo que quero frisar. Quanto à resposta de Jaime Silvério Marques, que me desculpe, mas ele há situações que não têm escapatória possível: quando o general de 4 estrelas responde ao major acabado de graduar no mesmo plano, é porque em termos hierárquicos está tudo f*dido.
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