A pedagogia dos tempos modernos terá evoluído imenso mas, no campo televisivo, terá sido no caminho regressivo da sobre simplificação. Naqueles debates políticos mais importantes, há quem apoie os seus argumentos durante a discussão – lembro-me, por exemplo, do debate entre António Guterres e Durão Barroso em 1999 – nuns gráficos de barras que costumam ser muito coloridos, mas pouco explicativos em que consistem as abcissas e as ordenadas…

A intenção clara do encadeamento de três configurações fronteiriças da Palestina em três datas distintas (1947, 1949-1967, 2000) é a de nos induzir visualmente a ideia que o território concedido aos palestinianos tem vindo a reduzir-se progressivamente. Ora, para deles se poder extrair essa conclusão, então aqueles três mapas deveriam representar realidades compatíveis, o que não é verdade, para além de qualquer deles necessitar de notas explicativas...

Com a vitória militar dos judeus (a propósito, nessa época um dos maiores apoios diplomáticos com que eles contavam era o soviético…), estabeleceu-se o segundo mapa do bonecos de Daniel Oliveira (1949-67), um que, ao contrário do anterior, é real: ele resulta das fronteiras de facto alcançadas pelos beligerantes em 1949. Mas tem legendas erradas: naquela região verde onde se lê Palestine, devia ler-se Jordânia - como abaixo se explica porquê.
Durante décadas, mesmo depois de ter ocupado a Cisjordânia em 1967, essa anexação foi um álibi invocado por Israel para a resolução do problema do estabelecimento da pátria palestiniana: eles já tinham uma, a Jordânia. Contudo, apesar do parentesco dos povos – Rania, a actual Rainha jordana é de ascendência palestiniana – depois dos acontecimentos de Setembro Negro (1970), já aqui por mim abordados no blogue, a Jordânia acabou por se dissociar da questão palestiniana.

Este último mapa faz reflectir, nem que seja para constatar o tão pouco que os israelitas estão dispostos a ceder e o tão pouco que os palestinianos parecem estar dispostos a aceitar, mas, no enquadramento geral dos bonecos, a sua seriedade aparece tarde demais numa sequência que pretende reduzir – e de forma tendenciosa – a complexidade do problema israelo-palestiniano a uma espécie de cartoon de densidade infantil, com os bons e os maus…
* Simbólico do que são os conhecimentos do corrector ortográfico do processador de texto (e um alerta para quem neles se fia cegamente …), este não reconhece o vocábulo charlas escolhido por aquele vulto da Língua Portuguesa para título do seu programa…
** Resultado da junção da Transjordânia e da Cisjordânia. Trans e cis são prefixos latinos significando para lá de e para cá de. Jordânia refere-se naturalmente ao Rio Jordão.
Fiz uma ligação lá para o meu cantito! Além de ter visto os mapas em vários blogs, também os vi EIXO....
ResponderEliminar:))
Nem sei qual o tráfego do seu blogue, Maria do Sol, mas, pelo número de pessoas que estou a verificar virem ao "Herdeiro" encaminhadas pela ligação do seu "cantito", então fiquei sem diminutivos para qualificar o meu blogue.
ResponderEliminarSó espero que tenham lido! Porque se leram... vão voltar concerteza!
ResponderEliminar:))
Eu fui das que li!
ResponderEliminarCertamente, se não se importar, voltarei!
Regresse sempre que quiser, um Ar de.
ResponderEliminarNão caio no exagero de lhe dizer para se instalar em permanência, porque não lhe prometo que tenha temas para postes a um ritmo suficiente para a entreter continuamente...
:)