Se os norte-americanos costumam ser censurados actualmente por não mostrarem qualquer sensibilidade pelas opiniões públicas dos países árabes, suponho os britânicos deviam ser os últimos da fila a fazê-lo: é que se conseguem contar todos os episódios mais importantes da Segunda Guerra Mundial no Norte de África, o choque entre os exércitos de Rommel e de Montgomery, sem que seja necessário explicar qual era a posição do governo egípcio no conflito… É que as duas cruciais batalhas de El Alamein tiveram lugar em solo egípcio, país que se tinha tornado independente em 1922…

Assim, de uma postura pró-britânica em 1939, a vitória alemã sobre a França de Junho de 1940 provocara uma inflexão na orientação política do governo iraquiano para um neutralismo muito mais cauteloso, mas a necessidade britânica pelo petróleo iraquiano fizera com que a facção pró-britânica, com o apoio encoberto dos seus serviços secretos, retornasse ao poder em Janeiro de 1941. Dois meses depois, incentivados pelos serviços alemães e italianos, a facção oposta (que nas versões inglesas é sempre classificada como pró-fascista ou pró-nazi), montou um Golpe de Estado bem sucedido.

Os apoios que os alemães podiam conceder aos iraquianos estavam limitados pela geografia. Os apoios por terra (ao exército) tinham que atravessar a Turquia, que se mostrou ferozmente neutral. Os aéreos podiam passar pela Síria, colónia francesa obediente ao regime de Vichy que, vogando entre a neutralidade e o apoio à Alemanha, acabou por permitir a passagem de um punhado de esquadrilhas de caças e de bombardeiros, com as respectivas equipas de manutenção. Foram insuficientes para alterar militarmente o desfecho dos combates, mas eram suficientes para legitimar politicamente a invasão britânica…

Excelente texto, tal como o primeiro, tal como todos os outros. Parabéns.
ResponderEliminarContinuo a aprender e/ou a confirmar o que já sabia.
ResponderEliminarA história repete-se mesmo.
É a chamada dialética da história...
ResponderEliminarVai continuando pois aguardo ansiosamente os próximos capítulos.
Concordo com a Sofia. Excelentes textos.