20 abril 2008

DE UMA INGENUIDADE DE JOÃO E MARIA

João e Maria é o título de uma música de Sivuca, com letra de Chico Buarque, tocante pela sua inocência infantil:
Agora eu era o herói
E o meu cavalo só falava inglês
A noiva do cowboy
Era você
Além das outras três

Eu enfrentava os batalhões
Os alemães e seus canhões
Guardava o meu bodoque
E ensaiava um rock
Para as matinês

Agora eu era o rei
Era o bedel e era também juiz
E pela minha lei
A gente era obrigada a ser feliz

E você era a princesa
Que eu fiz coroar
E era tão linda de se admirar
Que andava nua pelo meu país

Não, não fuja não
Finja que agora eu era o seu brinquedo
Eu era o seu pião
O seu bicho preferido

Sim, me dê a mão
A gente agora já não tinha medo
No tempo da maldade
Acho que a gente nem tinha nascido

Agora era fatal
Que o faz-de-conta terminasse assim
P´ra lá deste quintal
Era uma noite que não tem mais fim

Pois você sumiu no mundo
Sem me avisar
E agora eu era um louco a perguntar
O que é que a vida vai fazer de mim
A reportagem sobre Cuba da autoria de Fernando Alves que a TSF passou esta manhã parecia-me, no espírito, a verdadeira versão ajustada da infância para a juventude da letra de João e Maria, mas destinada especialmente àqueles que hoje rondam os 60 anos e que naquela altura quiseram revolucionar o Mundo.
Conheço quem, enquadrando-se nesse perfil, tenha querido tirar a limpo recentemente aquela realidade dos seus sonhos de juventude e tenha de lá saído completamente desapontado; afinal, dizia-me, nós aqui (Portugal – PREC) falávamos de 48 anos de fascismo e eles lá vão a caminho dos 50 de revolução e é aquela miséria…
Ou fazendo minha a crítica no Blasfémias da parte de alguém que provavelmente não pertencerá à geração de Fernando Alves que se quer deixar deliberadamente embevecer pelas brincadeiras revolucionárias do passado: As proibições são obsoletas? Como se tivessem sido actuais? Como se tudo aquilo alguma vez tivesse feito sentido?

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