11 abril 2008

PRA NÃO DIZER QUE NÃO FALEI DE FLORES

Poucos serão os portugueses a quem o título da canção acima possa dizer alguma coisa. Mas para uma certa geração de brasileiros (hoje entrados nos 60) com um determinado percurso político ela é capaz de simbolizar toda uma época. A canção data de 1968, é de Geraldo Vandré, um autor compositor praticamente desconhecido fora do Brasil e é uma das canções candidatas a melhor simbolizar a oposição ao regime militar que desde 1964 vigorava no Brasil.
Gosto particularmente da ironia do título, porque a letra não tem, evidentemente, quase nada a ver com flores, é antes uma canção descaradamente política, mas que foi concorrente a um Festival da Canção nesse ano. Ficou em segundo lugar, perdendo para uma canção de Chico Buarque e Tom Jobim, Sabiá, perante uma monstruosa vaiadela da assistência, como aqui se pode ver. A sua posterior proibição apenas aumentou a popularidade da canção.
Mas, por falar em popularidade, queria esclarecer que afinal esta extensa apresentação se destina apenas a parafrasear o título da canção de Geraldo Vandré: Pra não dizer que não fiz elogios a João Miranda, esse fenómeno da popularidade blogosférica. É que ele escreveu recentemente um poste interessante, sobre a viabilidade de uma revista de ideias, utilizando conceitos que eu desconhecia, nomeadamente o memetismo… É tão salutar ler um autor quando afinal domina os assuntos que trata...

2 comentários:

  1. Geraldo falou de flores e muito mais, também falou de homens com “H” grande. Disse por exemplo, para a multidão que contestava a atribuição do prémio: "Jobim e Chico Buarque merecem todo respeito. (...) Para vocês que julgam que me apoiam vaiando (...) A vida não se resume em festivais”.

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  2. Não sabia, JRD.

    São observações que o honram e que põem a disputa nas suas devidas proporções.

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