Ao exporem publicamente os seus líderes, os movimentos subversivos transitam para um outro campo de batalha, o mediático. Os insurrectos islâmicos sunitas que têm feito perigar o regime iraquiano correram esse risco quando apresentaram este vídeo com a pregação do seu califa Abu Bakr al-Bagdadi (أبو بكر البغدادي). O regime iraquiano reagiu de forma convencional, levantando dúvidas de que a pessoa que aparece no vídeo é quem pretende ser. Porém, uma outra forma mais imaginativa de o(s) contra-atacar foi concentrar-se na opulência do relógio (Rolex? Omega?) do orador quando em contraste com o conteúdo do seu discurso. Mas substantivamente, as notícias que circulam no Ocidente a respeito do novo califa nem sequer se dão ao trabalho de tentar especular sobre quais as possíveis razões para a adopção daquele nome de Abu Bakr,…
...o mesmo do primeiro califa sucessor de Maomé (632-634), figura respeitável mas que teve um reinado demasiado curto (ao contrário, por exemplo, do seu sucessor Omar, o verdadeiro fundador do império árabe) para que a adopção do seu nome pretenda representar algo mais do que uma mera intenção de retorno à simbologia primitiva do Islão. É nesse sentido que o relógio ou a ventoinha que o refresca podem revelar-se interessantes armas de arremesso. Apesar das ambições norte-americanas para a região, percebe-se uma profunda incompreensão recíproca entre povos, simbolizável por esta fotografia de Abril de 2005, onde vemos George W. Bush a passear de mão dada com Abdallah, então ainda o príncipe-herdeiro saudita, num significativo gesto de amizade nos países árabes, com um significado equivocamente diferente nos Estados Unidos...
Mesmo que tenha permanecido no poder apenas alguns meses, Abu Bakr foi um vingador, e talvez só por isso seja lembrado como califa.
ResponderEliminarE certamente a mensagem do califado é hoje de de uma violenta vingança.
É uma boa explicação possível, parabéns.
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