03 julho 2014

«MATTHEW PERRY NO JAPÃO»

O aparecimento do esquadrão (ao fundo) do Comodoro Matthew Perry (1794-1858) na baía de Tóquio em 1853 é um acontecimento não apenas incontornável da História do Japão (com a sua reabertura ao exterior após mais de dois séculos de isolamento), mas também memorável para a História dos Estados Unidos por uma primeira vez em que estes desempenharam um papel pioneiro entre as potências ocidentais. A aguarela acima, representando o momento, foi, porém, pintada um século mais tarde (1950), num momento em que, com Douglas MacArthur (1880-1964) como Comandante Supremo das Forças Aliadas de ocupação, o Japão vivia o nadir da sua afirmação como nação independente. O seu autor foi Gessan Ogata (1887-1967).

A aguarela procura reproduzir com o maior rigor possível a cerimónia: com a frota em fundo, Matthew Perry fardado a rigor entrega aos Samurais japoneses – são facilmente distinguíveis as pegas das respectivas katanas – uma carta do seu Presidente – ironicamente o hoje desconhecidíssimo Millard Fillmore (1800-1874). Em retribuição, o Samurai que encabeça a delegação japonesa – reconhecível por envergar chapéu – entregará ao norte-americano um rolo acusando a recepção do documento. Há ainda um pormenor adicional no quadro que merece menção: junto a Perry, de costas, inclinado e mãos cruzadas servis, aparece o seu intérprete chinês, reconhecível pela sua trança, que era um sinal de submissão ao imperador… da China.

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