São curiosas algumas das recordações que acabamos por trazer das viagens que fazemos ao estrangeiro. De uma delas, feita à República Checa, trouxe a de que um dos aspectos folclóricos que mais ajudam à animação do ambiente no Castelo de Praga são os elementos que ali montam guarda (acima) e os rituais associados à sua rendição periódica (abaixo).
Contudo, confesso que o que me chamou a atenção foi algo que escapará à esmagadora maioria dos turistas: o armamento da guarda de honra… À primeira vista, e numa época em que os checos estavam apostados em renegar todo o passado próximo, a preservação daquelas armas dos tempos clássicos do Pacto de Varsóvia parecia uma contradição…
Afinal havia uma outra explicação: as magníficas armas de aparência niquelada da fotografia acima e que eu havia tomado inicialmente por modelos checos da SKS de concepção soviética, eram afinal um modelo de concepção genuinamente checa, que ficou conhecido por Vz-52 – abaixo comparem-se as duas, com a arma checa em cima.
Contudo, confesso que o que me chamou a atenção foi algo que escapará à esmagadora maioria dos turistas: o armamento da guarda de honra… À primeira vista, e numa época em que os checos estavam apostados em renegar todo o passado próximo, a preservação daquelas armas dos tempos clássicos do Pacto de Varsóvia parecia uma contradição…
Afinal havia uma outra explicação: as magníficas armas de aparência niquelada da fotografia acima e que eu havia tomado inicialmente por modelos checos da SKS de concepção soviética, eram afinal um modelo de concepção genuinamente checa, que ficou conhecido por Vz-52 – abaixo comparem-se as duas, com a arma checa em cima.
A sua conservação reduzida a propósitos cerimoniais, assumia agora todo um outro significado, totalmente contrário ao inicial, ainda mais reforçado depois de eu conhecer alguns detalhes da história da arma... Datando de 1952 (6 anos mais recente que a SKS) a Vz-52 fora uma das últimas realizações autónomas da renomada indústria militar checa...
A arma disparava uma munição com um calibre próprio (7,62 x 45 mm) que os seus criadores consideravam a mais adequada às especificações que lhes haviam sido pedidas. Mas era um calibre que não se enquadrava no espírito da Guerra-Fria, dividida entre os calibres standard da NATO (7,62 x 51 mm) e do Pacto de Varsóvia (7,62 x 39 mm).
Só a partir de 1957, após anos de insistências dos soviéticos, é que as armas produzidas foram recalibradas de acordo com o standard do Bloco Leste em que a Checoslováquia então se inseria, ficando os novos modelos conhecidos pela designação Vz-52/57. Contudo, as armas vieram a ser substituídas no ano seguinte pela Vz-58 para equipar o exército checoslovaco.
Retirada da primeira linha e destinada depois primordialmente à exportação, encontraram-se frequentemente armas dessa versão recalibrada entre guerrilheiros, fossem os do PAIGC na Guiné, fossem os sandinistas na Nicarágua (acima). Todavia, as impecáveis versões niqueladas manuseadas hoje pela Guarda de Honra do Castelo de Praga são as de calibre original…