Em 1812, pela primeira (e até agora, única) vez, o primeiro-ministro britânico, Spencer Perceval, foi assassinado em pleno parlamento (abaixo). O assassino foi um antigo empregado de escritório a quem o Governo britânico recusara uma indemnização por ter sido injustamente encarcerado na Rússia… Este caso poderá ter sido o primeiro de uma extensa lista de atentados e assassinatos contra dirigentes políticos que tiveram lugar durante os Séculos XIX e XX e para os quais, por falta de motivação política óbvia, se optou por questionar a sanidade mental do autor.
Essa simplicidade de atribuir à insanidade tudo o que não fosse político ainda se mantêm – como no caso corrente de Sílvio Berlusconi – mas, conquanto verdadeira nalguns casos, veio a tornar-se excessiva. Veja-se, por exemplo, que de entre os quatro presidentes norte-americanos que foram assassinados, só num caso o autor teria uma motivação política clara (Abraham Lincoln), noutro essa motivação seria abstracta (anarquista, William McKinley), e nos outros dois casos tratar-se-ia de casos de insanidade dos autores (James Garfield e John F. Kennedy - abaixo).
Os anos dos assassinatos de Lincoln (1865) e Kennedy (1963) poderão servir de referências para marcar o início e o fim do Século de Ouro deste tipo de atentados. De memória, e para além dos presidentes norte-americanos, mencionando apenas atentados que tivessem sido bem sucedidos e contra chefes de Estado, houve o do tsar da Rússia (1881), da imperatriz da Áustria (1898), dos reis de Portugal (1908), da Grécia (1913) e da Jugoslávia (1934) e o do presidente da Polónia (1922). Tornou-se imperativo a existência de serviços que assegurassem a segurança pessoal dos visados...
O que nos trás até a um tema da actualidade – o da agressão a Sílvio Berlusconi – atribuído a um desequilibrado mental (mais um…), que terá usado uma replica metálica da catedral de Milão. Ora, olhando para o o objecto e para o estado lastimável da cara de Berlusconi (abaixo) percebe-se que o agressor: a) ou tomou balanço e teve muita pontaria ou b) teve oportunidade de arrear várias vezes no agredido… Antes de estabelecer as implicações políticas em relação ao atentado, creio que se impõe uma pergunta técnica: por onde é que andavam os membros da segurança pessoal de Sílvio Berlusconi?...
Os anos dos assassinatos de Lincoln (1865) e Kennedy (1963) poderão servir de referências para marcar o início e o fim do Século de Ouro deste tipo de atentados. De memória, e para além dos presidentes norte-americanos, mencionando apenas atentados que tivessem sido bem sucedidos e contra chefes de Estado, houve o do tsar da Rússia (1881), da imperatriz da Áustria (1898), dos reis de Portugal (1908), da Grécia (1913) e da Jugoslávia (1934) e o do presidente da Polónia (1922). Tornou-se imperativo a existência de serviços que assegurassem a segurança pessoal dos visados...
O que nos trás até a um tema da actualidade – o da agressão a Sílvio Berlusconi – atribuído a um desequilibrado mental (mais um…), que terá usado uma replica metálica da catedral de Milão. Ora, olhando para o o objecto e para o estado lastimável da cara de Berlusconi (abaixo) percebe-se que o agressor: a) ou tomou balanço e teve muita pontaria ou b) teve oportunidade de arrear várias vezes no agredido… Antes de estabelecer as implicações políticas em relação ao atentado, creio que se impõe uma pergunta técnica: por onde é que andavam os membros da segurança pessoal de Sílvio Berlusconi?...
Podíamos acrescentar à lista os atentados a: Anwar al Sadat pela Jihad Islâmica, a Nino Vieira e também a história "mal contada" da morte de Samora Machel.
ResponderEliminarO espírito (e indirectamente a própria letra) do poste remete para atentados que têm de ser perpetrados individualmente, único caso em que se poderá levantar a dúvida sobre a saúde mental do seu autor. Quando a autoria é colectiva, trata-se de uma conspiração e creio que nesse caso não fará sentido falar em organizações de pessoas mentalmente deficientes…
ResponderEliminarTodos os casos a que me refiro, suponho que respeitam essa regra. Nos que o JRD menciona, quando provados, pelo contrário, são de autoria colectiva… Antes de qualquer deles valeria mais a pena referir o atentado político clássico por excelência – aquele que vitimou Júlio César em Março de 44 a.C.
«No dia 13 de maio de 1981, o papa João Paulo 2º foi atingido por dois tiros na Praça de São Pedro, no Vaticano. O autor dos disparos foi um estudante turco de 23 anos.
ResponderEliminarDois meses após o atentado, diante de um tribunal em Roma, Ali Agca disse pertencer à máfia turca, um grupo ultranacionalista e de extrema direita conhecido como Lobos Cinzas. Ele foi condenado à prisão perpétua como autor individual do crime, mas as especulações sobre um suposto complô búlgaro-russo contra o Papa persistem até hoje».
Talvez devido a estas especulações o António Teixeira não concedeu ao Papa uma referência. Está perdoado.
Não "entrei" no espírito e na letra do poste, daí a achega despretensiosa.
ResponderEliminarMas já agora, aqui vai outra: O Buiça, o Manuel da Costa e outros, eram mais do que "um".
No caso do Júlio César, só Brutus eram dois, além do Cássio e outros senadores.
Se a algum poste assenta a qualificação de não conseguido é a este. As ideias que eu considerava nucleares transmitir numa fase inicial eram:
ResponderEliminara) Que inicialmente era extremamente fácil fazer um atentado contra pessoas públicas
b) Que quando não havia causas políticas que o explicassem, o atribuíam a explicações do foro psiquiátrico
c) Numa fase final, ligava isso à agressão recentemente sofrida por Sílvio Berlusconi, que parece recuperar algumas dessas características
Apontei um número mínimo de exemplos de atentados mas parece, pelo teor dos comentários, o que devia ter feito era uma lista metódica, incluindo os “sumarentos”, os que incluem teorias da conspiração.
Posto isso, tem razão JRD, houve dois envolvidos no regicídio de 1908. E, António Marques Pinto, há uma cláusula que eu deixei expressa ao constituir a minha listazinha, que tão importante se veio a tornar, pelas omissões. Dizia ela “atentados que tivessem sido bem sucedidos” e consta-me que João Paulo II não morreu em 1981…
Eu não pretendi que invocasse exemplos “sumarentos” – seja isso o que fôr. Na verdade não pretendi nem tinha que pretender nada. Só quiz acrescentar uma modesta contribuição para o seu oportuno texto que merece, eu sei, comentários mais enriquecedores. E não fiz questão de que o papa tivesse morrido, tal como Berlusconi não morreu. De resto, consta logo no início do seu texto, se não em “cláusula”, em “introito”, haver «uma extensa lista de atentados e assassinatos...».
ResponderEliminarO António Teixeira não nos quer deixar brilhar, é o que é. Atendendo a que estamos na época em que até às árvores é concedido que gerem estrelas e outras fantasias brilhantes, parece imperdoável, mas considerando as tragédias que estão na origem do que tratamos, imperdoável talvez seja estender-me por mais comentários pretensamente irónicos neste post.
Se fosse uma réplica da Catedral de S. Pedro... os cirurgiões plásticos iam ter um trabalhão!
ResponderEliminarO Berlusconi´tem uma postura um tanto populista e de proximidade física com o "povo", o que facilita a possibilidade e de ser agrdedido desta forma.
ResponderEliminarEm termos de atentados há a considerar o de Sé Carneiro e Amaro da Costa, que foi bem sucedido nos seus intentos - isto é, se foi mesmo atentado.
Outro atentado é a forma como o Sporting tem jogado mas isso já foge ao assunto tratado tnato no texto original como nos comentários.
Peço desculpa de entrar atrasado mas, ao lermos as memórias de Aquilino Ribeiro ("Um Escritor Confessa-se"), sabemos que o atentado de 1908 que vitimou o rei D.Carlos e o príncipe Luis Filipe, foi perpetrado por um grupo da Carbonária constituído por pelo menos 5 elementos, sendo que três actuaram no Terreiro do Paço e os restantes esperavam na Rua do Arsenal caso os outros falhassem. Para a História ficaram só três. O atentado foi uma operação planeada por anarquistas, carbonários e republicanos radicais. Foi intencional e esteve muito longe de uma acção de dementes mentais.
ResponderEliminarAqui em Portugal também tivemos outro assasinado célebre, Sidónio Pais. E na "época de ouro dos atentados" vitimou igualmente o presidente Carnot, de França. Os responsáveis eram geralmente anarquistas.
ResponderEliminarPois eu entendo que o poste foi muito bem conseguido e as inexactidões(?), não passaram de simples detalhes sem relevância.
ResponderEliminarA propósito de Papas, temos o caso do João Paulo I que foi "suicidado" em 1978 sem tiros e sem bombas.
Definitivamente, eu não devia ter feito nenhuma lista de assassinados, o que eu devia ter feito era organizar um concurso contando com a preciosa colaboração dos magníficos leitores deste blogue...
ResponderEliminarEu seja Pinto se não ganhar esse concurso. Nem que tenha que ser eu a fazer mais alguns atentados - os que forem precisos.
ResponderEliminarOppps, isto já foi feito por um jornalista brasileiro. Cada vez é mais difícil ser original.